domingo, 13 de julho de 2008

Triatlo de Singapura

Fiquei em terceiro lugar no triatlo de Singapura, no grupo dos 30-34 anos!

Vejam aqui os resultados.





Tal como é típico em outras provas desportivas, a minha velocidade média foi praticamente nula (na definição das aulas de física do secundário), já que a partida e a chegada estavam muito próximas uma da outra (uns 200 metros em 2h32min, dá cerca de 80 metros por hora). Portanto o objectivo de percorrer o mais rapidamente possível 1,5 km a nadar, 40 km a pedalar e 10 km a correr não era certamente deslocar-me o mais longe possível, mas sim... hmmm... ahn... lá estou eu de novo a tentar explicar maluquices desportivas.

Tinha como objectivo melhorar o meu recorde em triatlos desta distância, que era, e ainda é, de 2h27min. Treinei bem, especialmente natação, que já não praticava há alguns anos, e ciclismo+corrida, essencial para sofrer menos na sempre traumática transição entre essas duas actividades (quem já experimentou sabe do que falo!).

Natação

A natação foi boa. Eu sentia-me em boa forma, com um estilo razoavelmente eficiente, a deslizar bem sem gastar demasiadas energias. Sentia-me tão bem que até fiz um aquecimento pré-prova (nas ocasiões anteriores achava que já bastavam os 1,5 km de prova e que não valia a pena cansar-me antes).

Havia partidas diferentes cada 10 minutos (já que uma partida única com cerca de mil atletas seria demasiado confusa), e eu ia partir com metade dos atletas do meu escalão etário. Os meus colegas pareciam algo “tímidos”: poucos fizeram aquecimento, e poucos se chegaram à frente na linha de partida, preferindo ficar para trás, ao contrário do que costumo ver em triatlos.

Foi dada a partida e corri para a água, onde fui um dos primeiros a mergulhar. Senti-me potente e satisfeito de não conseguir ver toucas laranjas (a cor da minha partida) à minha volta. Parecia ir rápido e num dos lugares da frente.

Mas quando completei a primeira volta de 750 metros fiquei muito desiludido com o tempo: 15 minutos! Esperava passar, no máximo, em 13 minutos. Enquanto pensava que já não daria para bater o meu recorde ouvi alguém exclamar: “Vais em primeiro!” E aí começou uma nova prova: em vez de correr pelo recorde absoluto, fiquei motivadíssimo para correr pela posição relativa.

Mantive o ritmo na segunda volta e terminei em 31 minutos, 8 minutos mais lento que em 2003, quando fiz este mesmo triatlo (mas com certeza o percurso de natação não tinha a mesma distância nem as mesmas correntes contra).





Fui o primeiro atleta a sair da água, entre o grupo que partiu comigo, o que não era garantia de ir em primeiro no meu escalão etário, já que tinha havido uma partida anterior com pessoal do mesmo escalão. Entrei na área de transição, onde esperavam as bicicletas e reparei que a minha fila estava ainda cheia de bicicletas, sinal de que ia mesmo num dos primeiros lugares. Adrenalina em cima!

Ciclismo

Os minutos iniciais na bicicleta foram de adaptação ao novo tipo de esforço, mas rapidamente entrei no que me pareceu um bom ritmo (difícil de verificar por falta de um velocímetro). Passei na primeira volta de 10 km no tempo ambicionado, perto de 18 (uns 33 km/h), sentindo um esforço reduzido. Uma bicicleta boa faz maravilhas: depois de ter treinado numa bicicleta de montanha de 50 Euros, uma bicicleta de estrada, avaliada pelo dono que me emprestou em 50 vezes mais, é como um Formula1 para quem costuma andar de Carocha.





Concentrei-me em manter o ritmo mas sem cansar as pernas, que ainda teriam de correr 10 km a boa velocidade (queria ser o mais rápido na corrida, como tinha sido em 2003!).

Reparei que a prova era realmente muito singapurense: um monte de bicicletas carérrimas, de aspecto altamente profissional (a minha não era das melhores!!), montadas por atletas em forma média, mas não tão treinados assim, até algo lentos.

Ao contrário de provas anteriores, em que costumava ser ultrapassado por um monte de gente no ciclismo, vi poucos atletas do meu escalão passar por mim. Portanto continuava numa boa posição!

A boa posição confirmou-se quando voltei a entrar na área de transição, para deixar a bicicleta e iniciar a corrida, e vi só duas bicicletas perto da minha!

Corrida

Iniciei a corrida, determinado a correr forte e ser o mais rápido, fazendo um tempo próximo de 2003: 41min. Até ali tudo tinha sido razoavelmente fácil, mas agora começava o verdadeiro sofrimento - foi-se o sorriso da minha cara.

Ao fim de pouco tempo de corrida comecei a sentir uma forte dor de burro e não consegui ir rápido. Sentia-me muito muito lento. Duas vezes tive de caminhar por alguns segundos para tentar aliviar a dor e pensava “Vou ser passado por toda a gente!”. Mas passei aos 2,5 km num tempo não tão péssimo que me animou a tentar manter o ritmo. E começou a cair uma daquelas chuvas tropicais singapurenses que aliviou o calor.





Nem tudo era mau, mas a dor de burro não passava e pensei como seria bom parar e andar, mas esses pensamentos comodistas não duraram muito tempo: não ia desperdiçar as semanas de treino, nem o esforço na natação e ciclismo, e muito menos desiludir a minha torcida que nesse momento estava a apanhar uma carga de água para me apoiar!

Passei aos 5 km em cerca de 23min, dois ou três minutos mais lento que o meu objectivo inicial, mas já me tinha resignado a aceitar o que viesse. Felizmente, a dor de burro suavizou ao começar a segunda volta de 5 km.

Ia olhando o tempo todo para os números dos atletas que eu passava (bastantes) ou que me passavam (nem tantos), para tentar identificar pessoal do meu escalão. Por volta do km 6 fui passado pelo 4220, claramente meu concorrente directo. Pensei acompanhá-lo mas era impossível aumentar o ritmo. Ao ver os resultados finais, descobri que nesse momento eu tinha perdido o segundo lugar. Mas mesmo que tivesse sabido durante a prova, não havia forças escondidas que me pudessem ter assistido. Estava destruído e só queria acabar a prova!

Mantive o ritmo e finalmente cheguei ao fim: 46min nos 10 km, ainda assim o quarto melhor tempo na corrida no meu escalão.





Balanço final: muito feliz, especialmente com o terceiro lugar no meu escalão, apesar do tempo final de 2h32min ter ficado longe do meu recorde.

Obrigado a quem apoiou, ao vivo e telepaticamente!

Um comentário:

  1. Caríssimo,

    Vejo com imenso agrado que, mesmo estando mais próximo dos 30 do que dos 20, continuas "na maior".

    Muitos parabéns!

    Eu, "do alto" dos meus 43 anos e cem quilitos, continuo a aplicar à prática desportiva aquela máxima do Churchill... "se é saudável não precisa, se é doente não pode"...
    :-)
    ... mas continuo (quase) sem barriga! (esta foi só para o caso de alguma senhora estar a ler este comentário...)
    :-)

    Um grande abraço

    Luís de Matos

    P.S. - P.f., envia-me um e-mail com os teus contactos. Queria falar contigo sobre uma questão da Índia ( Luis.M.Matos@ZON.pt / +351 96 6940467 ) Muito obrigado.

    ResponderExcluir