O prémio Nobel da Paz 2008 foi hoje atribuído ao mediador internacional Martti Ahtisaari, antigo presidente da Finlândia (1994-2000), pelos esforços no estabelecimento de paz duradoura em diversos pontos do globo.
O Comité do Prémio Nobel chamou-o “um mediador internacional excepcional” cujos esforços “contribuíram para um mundo mais pacífico e para a fraternidade entre nações”. Segundo o presidente do Comité, “ele é um campeão mundial no que toca a paz e nunca desiste”.
Outras qualidades destacadas na imprensa são a sua abordagem directa, sem rodeios, a determinação de ferro, paciência Zen e extrema persistência.
Claro que alguém com tanta visibilidade não pode passar sem críticas, mas é impossível não admirar o seu impacto no mundo.
Para Ahtisaari, ajudar a Namíbia na transição para a independência após anos de conflito com a África do Sul foi o seu trabalho mais importante, por ter demorado tanto tempo: 13 anos. Mas ele interveio em muitos outros conflitos, como no Kosovo, Iraque, Irlanda do Norte e Aceh (Indonésia).
Em 2005, ele ajudou a terminar o conflito de três décadas entre o Movimento Aceh Livre e o governo da Indonésia, através da sua ONG Crisis Management Initiative (dedicada a criar e manter a paz em zonas de conflito). Aproveitando o efeito conciliador do tsunami que devastou algumas zonas do sudeste asiático em Dezembro de 2004, Ahtisaari mediou cinco encontros de progressiva aproximação entre Janeiro e Julho de 2005. Como resultado, a 15 de Agosto de 2005 foi assinado um acordo de paz, cobrindo interesses críticos de ambas as partes e estabelecendo condições para uma implementação realista (autonomia de Aceh, abandono de exigências de independência, desarmamento dos rebeldes, retirada das forças indonésias não locais, respeito pelos direitos humanos, amnistia para rebeldes e prisioneiros políticos, monitoramento da implementação do acordo, etc.). [Mais detalhes sobre o processo de paz no site da CMI]
Foto: Jenni-Justiina Niemi (copyright: CMI)
Um dos negociadores no conflito terá comentado: “O método dele era realmente extraordinário. Ele disse, 'Vocês querem ganhar, ou querem a paz?'”
Não é necessário participar num conflito internacional para considerar a pergunta relevante. Quantas vezes não respondemos torto a alguém próximo, ou escalamos uma discussão usando “armas” cada vez mais poderosas, deitando na fogueira achas (ou gasolina!) em vez de água, simplesmente porque não resistimos ao impulso de querer “ganhar” a disputa? Esquecemos tantas vezes os nossos principais interesses, ofuscando o longo prazo encandeados com o imediato, que pomos em causa relações importantes com as discussões mais fúteis. Não apelo ao conformismo e à passividade – há disputas que podem e devem ser lutadas e ganhas, quando levam a um mundo melhor. Apelo à sabedoria. A sabedoria de engolir o orgulho e optar pela paz quando a guerra não leva a nada. Desejar a paz de verdade leva ao fim de conflitos, dos mais íntimos aos mais globais. Por vezes basta um pequeno movimento unilateral em direcção à paz para aniquilar a espiral de conflito.
O que é que eu quero? Quero ganhar, ou quero a paz?
Muito bem apanhada esta!
ResponderExcluirÉ verdade: é o orgulho que muitas vezes (quase sempre!) leva à escalada de violência (verbal ou física). É o orgulho de querer ficar sempre por cima.
Entre jesuítas em formação, com tanta vida comunitária que nos serve de grande escola de relações humanas, brincávamos imensas vezes com isto, acabando discussões estúpidas e intermináveis com "pronto, vá! leva lá a bicicleta!"... Gozar com a situação é sempre uma boa solução para acabar com uma coisa estúpida que não leva a lado nenhum.
Quantas vezes não parecemos aqueles bodes de montanha da National Geographic a marrarem um contra o outro, só para ver quem é melhor?! Para ver quem tem o orgulho maior, é o que é!...
ABRAÇO!
João.
Oi
ResponderExcluirEu que nao sou nada religioso conheco uma oracao semelhante de que me tento lembrar todos os dias (devo estar a ficar velho):
" Que Deus me de a coragem de mudar o que posso mudar, a serenidade de nao tentar mudar o que nao posso mudar e a capacidade de distinguir os dois tipos de situacoes".
Sim, essa oração aplica-se muito bem aqui!
ResponderExcluirSegundo o google é algo como:
"Senhor, dá-me coragem para mudar o que deve ser mudado, serenidade para aceitar o que não pode ser mudado, e sabedoria para distinguir uma coisa da outra!"
Coragem, serenidade, sabedoria.