sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Cobertura financeira

[Notas: (1) Este artigo está focado em $ e ignora muitos temas críticos para a felicidade humana; isso não quer dizer que $ seja o mais importante na vida – simplesmente reconhece a sua influência no bem-estar de muitos de nós. (2) As bulicenas não incentivam acções ilegais, antes pelo contrário; não especialmente por serem ilegais mas por muitas vezes serem imorais e diminuírem a felicidade no mundo]


Em algum dia menos(?) produtivo na minha vida de consultor, ocorreu-me um conceito muito simples mas que me pareceu surpreendentemente informativo (e particularmente relevante numa altura em que só se fala da “crise financeira”):



Cobertura financeira = (quanto $ tenho) dividido por (quanto $ preciso para viver)



Se dividirmos as nossas posses actuais por quanto precisamos para viver num mês (ou noutra unidade de tempo), obtemos uma estimativa de quanto tempo podemos viver sem trabalhar (“trabalhar” entendido aqui no sentido estrito de fazer algo em troca de uma compensação financeira). Ao contrário do valor absoluto das nossas posses, a cobertura financeira é uma óptima medida da nossa riqueza material!

Por exemplo, se eu tiver poupanças no valor de 20.000 Euros e considerar que posso viver com 1.000 Euros por mês, significa que posso viver durante 20.000 / 1.000 = 20 meses sem trabalhar.

Como maximizar a cobertura financeira? Obviamente, aumentando quanto $ tenho e reduzindo quanto $ gasto.





À primeira vista pode parecer que isto não é contigo, que é só para privilegiados que ganham salários chorudos (futebolistas, pilotos de F1, artistas de Hollywood, consultores, ...) e não para o povão que se tem de arranjar com uns trocos ao fim do mês. Talvez penses assim porque estás muito focado em quanto tens/deverias ganhar, e não em quanto realmente precisas. Alguém que reduza as suas necessidades praticamente a zero (como os sadhus hindus, num exemplo radical) eleva a sua cobertura financeira (ou seja, a sua riqueza material) para perto do infinito! Nem todos podemos fazer o mesmo, mas talvez algumas ideias abaixo possam funcionar para ti. Como é típico de consultores, não se trata de nada muito criativo ou sofisticado: simplesmente senso comum organizado.

Quem está já reformado ou satisfeito com o trabalho e com as finanças talvez não se queira preocupar com $ e não se interesse por este artigo. Mas mesmo para ti, felizardo, será que gastar menos e ganhar mais não poderá permitir aumentar as poupanças e aplicá-las em causas mais nobres (ajudar os desfavorecidos, cuidar do ambiente, aumentar a felicidade no mundo...) que as das empresas que alimentam o teu consumo? E muitas das reduções de gastos correspondem a comportamentos mais ecológicos.


Reduzir quanto $ gasto

É incrível como temos tendência a definir os nossos gastos em função de quanto ganhamos. Ainda me lembro de um almoço na minha primeira semana de trabalho remunerado (a tempo inteiro) em que o meu chefe partilhou a sua sabedoria comigo e outro colega: “Sabem, tipos como nós, que todos os anos vão ser aumentados em pelo menos dois dígitos [mais de 10%], não precisam de se preocupar com as despesas, podemos ir sempre melhorando o nosso padrão de vida”.

Algum leitor adepto desta filosofia poderá exclamar: “Claro! Algum problema com isso?” Depende. Se quiseres (e puderes!) trabalhar para sempre em actividades que te dêem igual ou maior rendimento, então força, boa sorte, gasta à vontade e espero que sejas feliz!

Eu sou adepto de fazer aquilo que quero. E não quero estar dependente de um trabalho que possivelmente não me satisfaça só porque tenho contas a pagar. Gosto de sentir a liberdade de escolher onde quero investir a minha vida, o meu tempo, as minhas energias, o meu ser, não necessariamente em actividades remuneradas.

É habitual as pessoas preocuparem-se por “ganhar mais” para obter essa liberdade e suprirem os seus desejos materiais. Mas muitas vezes é mais fácil reduzir gastos do que aumentar ganhos: basta focar-nos em eliminar fugas de $, reduzir as nossas necessidades materiais (sem reduzir a nossa felicidade, antes pelo contrário!) e reduzir os custos das necessidades que decidirmos manter.

Eliminar “fugas” de $ – Uma fuga de $ é um fluxo de $ que sai regularmente da nossa posse sem darmos por isso (e não me refiro a furtos ou fraudes electrónicas). “Como é que isso é possível??” É possível porque somos muitas vezes consumidores irracionais ou inconscientes, e adquirimos bens ou serviços que não suprem qualquer necessidade real. E também porque há muitas empresas “espertinhas” que se dedicam a fazer negócio à custa de consumidores distraídos. Por muito atentos que sejamos, vai sempre escapar qualquer coisa. Como podemos descobrir estas “fugas”?


  • Mantendo uma lista exaustiva de despesas (todas mesmo! Excel é bastante prático, para quem usa), pelo menos durante um mês (mais do que isso depende da avaliação custo/benefício de cada um), para poder analisar todas as despesas e assinalar as que são “fugas” porque não correspondem a qualquer necessidade. Alguns exemplos de fugas de $ que poderão ser identificadas desta forma:

    • a anuidade do cartão de crédito que nunca usamos

    • a taxa de manutenção da conta bancária sem fundos há vários meses

    • a conta mensal de TV por cabo, usada para ver um filme de vez em quando

    • a assinatura do telemóvel que só usamos para atender chamadas

    • a mensalidade do ginásio que frequentamos uma vez por mês

    • o seguro, impostos e desvalorização do veículo que fica parado o ano todo

    • a assinatura do jornal ou revista que raramente lemos

  • Analisando outras possíveis fugas, mais subtis e difíceis de identificar por serem indirectas, por exemplo:

    • fugas de água: goteiras, fluxo excessivo do autoclismo, torneira aberta enquanto escovamos os dentes ou nos ensaboamos, duches desnecessariamente longos, máquinas de roupa ou louça a funcionar quase vazias (também fuga de electricidade)

    • fugas de electricidade: consumo basal mesmo quando achamos que está tudo desligado em casa, devido a aparelhos em standby, uso pouco eficiente da energia (p.ex., luzes acesas sem ninguém presente, ou sem aproveitar luz natural; frigorífico regulado para temperatura demasiado baixa; aquecimento ou ar condicionado ligados quando não está ninguém em casa, com janelas mal vedadas ou sem primeiro ajustar roupa no corpo)

    • fugas de combustível: consumo excessivo devido a motor mal afinado, condução agressiva, velocidade exagerada

    • fugas de alimentos: comida deitada fora por ter passado do prazo, por exagero ao servir o prato ou por não aproveitar totalmente o conteúdo das embalagens


Reduzir necessidades – Os leitores mais austeros e atentos podem achar impossível encontrar necessidades materiais a reduzir, mas se revirem com atenção aquilo que é realmente crítico e o que é supérfluo com certeza encontrarão alguma oportunidade, por pequena que seja, para:


  • Eliminar totalmente alguma “necessidade” (p.ex., abdicar de deslocações de carro, a ponto de o poder vender; decidir estabilizar geograficamente e parar de viajar de avião de um lado para outro; deixar de fumar; deixar de beber café na rua; despedir o “personal trainer” e passar a treinar sozinho; etc.)


  • Manter necessidades mas reduzir o grau de uso (p.ex., usar menos o carro, podendo vendê-lo e passar a alugar quando for necessário; usar menos o telemóvel; trocar de telemóvel apenas quando ele deixou realmente de funcionar; comer fora menos vezes; reduzir actividades de lazer dispendiosas; fazer menos viagens de fim-de-semana; cortar ou arranjar o cabelo com menos frequência; reduzir custos com prendas de Natal – bom artigo aqui, já agora, não me ofereçam nada por favor!; etc.)


Reduzir custos das necessidades – Mesmo que decidamos que certa necessidade é essencial para a nossa felicidade, há sempre oportunidades para reduzir os custos a ela associados:


  • Pedir bens/serviços emprestados, obtendo o benefício sem custo ou com custo reduzido:

    • a familiares ou amigos (p.ex., quarto ou casa para alojamento ou para um evento, carro para determinada viagem, algum aparelho para uma necessidade pontual, acesso a um canal por cabo para assistir a um programa especial, etc.)

    • a desconhecidos (na Internet encontram-se muitos exemplos de site que facilitam trocas entre desconhecidos, p.ex., alojamento grátis por todo o mundo através do projecto CouchSurfing, troca de casas para férias através do HomeExchange, partilha de livros no BookCrossing)

  • Usar bens/serviços mais baratos, por exemplo:

    • comprar produtos de marcas mais baratas ou de “marca branca” em vez de produtos “de marca”

    • fazer compras em super/hipermercados de “desconto” (em Portugal, redes como Plus, Lidl, Minipreço)

    • passar de um telemóvel pós-pago para um pré-pago de tarifário de baixo custo (p.ex., em Portugal, Rede4, Vodafone Directo, Uzo)

    • comprar produtos com menos “extras” (computadores, carros, ...)

    • escolher uma alimentação mais económica (p.ex., menos carnívora)

    • viajar “low cost”, preferindo meios de transporte mais baratos (bicicleta, autocarro, comboio, linhas aéreas low cost) e alojamento barato (parques de campismo, pousadas, etc., em vez de hotéis com muitas estrelas)

  • Adquirir os mesmos bens/serviços a preços mais reduzidos, por exemplo comprando:

    • após pesquisa exaustiva do melhor preço (compras de maior valor justificam mais investimento na pesquisa)

    • a pronto em vez de em prestações

    • em saldos e promoções (existem sites que ajudam a encontrar boas oportunidades, como o FatWallet, focado nos EUA; amostras grátis são um caso especial mas geralmente de acesso limitado)

    • com menos intermediários, ou sem eles (p.ex., comprando um carro ou uma casa directamente ao proprietário e não através de agentes)
    • em canais mais baratos (como lojas de desconto, Internet – p.ex., os livros na Amazon são sistematicamente mais baratos que nas livrarias)

    • em segunda mão (se mantiver qualidade aceitável, p.ex., livros usados na Amazon, roupa e mobília no Salvation Army, ou Exército da Salvação, múltiplos produtos na Feira da Ladra, física ou online, e em sites como Miau, eBay, Craigslist)

    • em outros países onde seja mais barato (emigrando para um novo país, viajando até lá, ou cravando um amigo para fazer o transporte)


Reduzir gastos em 10% equivale a aumentar automaticamente "quanto $ tenho" em 11% (porque esse $ vai durar mais 11%), e ao mesmo tempo a receber um aumento de salário semelhante! Não é de deitar fora, pois não? Mesmo que alguma destas reduções pareça ridícula, vale a pena ponderar. Será melhor manter o gasto ou dedicar a poupança a uma causa mais nobre? E que tal reduzir o impacto ambiental da minha existência?

Uma forma mais radical e mais trabalhosa de reduzir gastos é começar do zero: pegar numa folha de papel em branco e ir listando necessidades, possíveis opções para as suprir e decisão - comprar ou não. E não fazer compras que não tenham sido devidamente "autorizadas" - a burocracia ao serviço da poupança!

E claro que é fundamental manter uma atitude constante de consumo racional, de poupança (até de austeridade, se trouxer felicidade), para evitar incorrer em gastos sem sentido. Em cada momento de potencial consumo pensar "Preciso mesmo disto? Vou ser mais feliz? O mundo vai ficar melhor? Tem de ser hoje? Justifica as horas de trabalho que demorei a ganhar este $?" Se alguma resposta for "Não" talvez a compra deva ser cancelada ou adiada.

Se estás entusiasmadíssimo com a possibilidade de reduzir gastos drasticamente e reformar-te imediatamente, posso recomendar a cidade de Rishikesh, no Norte da Índia, onde é possível viver com cerca de 1.000 Euros por ano – suficiente para alojamento num genuíno ashram, alimentação tradicional indiana e mais umas pequenas coisas – ou, na versão deluxe, mais uns 500 Euros para aulas diárias de yoga e meditação.


Aumentar quanto $ tenho

O último extracto da conta bancária e de eventuais investimentos (certificados de aforro, acções, ...) diz-nos quanto $ temos neste momento. Pode ser uma constatação deprimente para muitos leitores, mas as boas notícias são que existem várias estratégias para aumentar esse valor, rápidas ou a longo prazo, fáceis ou (mais provavelmente) nem tanto: vender bens, ganhar mais, obter “patrocínios”.

Vender bens – Porque não vender bens que não são estritamente necessários para a nossa felicidade? Cada um terá os seus exemplos, menos ou mais valiosos: livros, revistas, discos de vinil, cassetes áudio ou VHS, CDs, DVDs, roupa, sapatos, relógios, telemóveis, iPods, câmaras fotográficas e vídeo, computadores, obras de arte, móveis, electrodomésticos, ferramentas, brinquedos, jogos, instrumentos musicais, equipamentos desportivos, patins, bicicletas, motos, automóveis, barcos, aviões, casas, terrenos, ... (E não quer dizer que tenha de viver sem usufruir do tipo de bem vendido: posso vender a casa ou o carro para comprar um mais barato.) Em Lisboa, a Feira da Ladra pode ser um bom local para a venda (no Campo de Santa Clara, às Terças e Sábados a partir das 6 da manhã), e claro que já há uma versão online. Existem outros sites na Internet que facilitam a revenda de tudo e mais alguma coisa, como Miau (Portugal), eBay (sem versão portuguesa) ou Craigslist (disponível para Portugal).

Ganhar mais – Ganhar mais é o sonho de muitos... Há algum truque mágico para conseguir torná-lo realidade? Provavelmente não, mas talvez ajude pensar nas principais alternativas:


  • Arranjar emprego (para quem não tem neste momento uma actividade remunerada)


  • Conseguir aumento no actual emprego – Depende da situação de cada um, mas tudo é negociável... Algumas opções para gerar mais $ no trabalho:

    • fazer horas extraordinárias (se elas forem pagas!)

    • mudar para um horário (p.ex., nocturno) que seja mais bem pago

    • mudar para uma função mais bem paga (nem sempre tem de ser uma promoção)

    • mudar para um país mais bem pago ou com menos impostos (p.ex., quando mudei para a Índia passei a ganhar metade do meu salário na mesma empresa no Brasil – claramente não era meu objectivo maximizar quanto $ ganhava; no Dubai não existe IRS!)

    • trabalhar de forma aplicada, competente, etc., e lutar pela promoção

    • fazer a formação necessária para obter uma promoção

    • simplesmente pedir um aumento (devidamente justificado)

    • garantir que todas as eventuais despesas de trabalho são reembolsadas (viagens, refeições, etc.)

  • Negociar outras condições com o empregador, que podem ter igual ou maior valor que aumentos de salário, por exemplo:

    • subsídios de transporte ou alimentação

    • carro da empresa

    • espaço no parque da empresa para poupar nos parquímetros

    • seguros (de saúde, acidentes pessoais, ...)

    • acesso a condições especiais da empresa na compra de bens ou serviços nos quais gastaríamos de qualquer forma (p.ex., supermercado, equipamentos, serviços de saúde, espectáculos, viagens, ...)

    • apoio financeiro para fazer um curso relevante em horário pós-laboral (que possivelmente levará a uma promoção e consequente aumento)

    • dias de férias ou de licença sem vencimento que permitam ganhar ou poupar $ (p.ex., participando numa outra actividade remunerada, poupando nas férias por serem em época baixa, ...)

    • horário de entrada flexível (p.ex., para poder entrar e/ou sair fora da hora de ponta e poupar $ utilizando transportes públicos, e/ou tempo que pode ser aplicado em actividades remuneradas ou que poupam $)

    • local de trabalho (p.ex., mais próximo de casa, permitindo poupar nos transportes e tempos de deslocação)

    • trabalho a partir de casa (para poder poupar nos transportes, na roupa de trabalho, nas refeições fora de casa, no infantário das crianças, ...)

  • Mudar para emprego mais bem pago – Fora questões motivacionais, etc., será que estamos a investir o tempo onde ele é melhor recompensado? Há quanto tempo não analisamos a alma e o mercado para ver onde gostaríamos de estar? O que seria necessário para conseguir aquele emprego bem melhor?


  • Arranjar mais empregos/actividades remuneradas – Se ainda sobra algum tempo, energia e motivação... porque não procurar alguma outra actividade remunerada? Não tem de ser necessariamente chata. Podemos tentar rentabilizar algo que sabemos (e, idealmente, gostamos) de fazer e pelas quais alguém esteja disposto a pagar: escrever, pintar, cozinhar, cuidar de crianças ou de idosos, tocar música, tirar fotografias, programar computadores, servir de guia, intérprete, treinador, professor, conselheiro, consultor, ...


  • Investir bem as poupanças – Quem tem poupanças, por pequenas que sejam, deve garantir que estão minimamente bem investidas (para os juros pelo menos compensarem o efeito da inflação; 1.000 euros podem gerar 30 euros por ano, se passarem de uma conta corrente de baixa ou nula remuneração para um depósito a prazo que renda 3% líquidos ao ano – já dá para pagar algumas coisinhas, não?). Quem, como eu, não gosta do risco da bolsa (suspeito que neste momento muita gente se inclui neste grupo!), pode ficar por investimentos mais seguros como certificados de aforro (aqui um simulador) ou depósitos a prazo (aparentemente com melhores juros ultimamente: p.ex., taxas brutas de 4% no Banco Big).


Obter “patrocínios” – Nem só super-atletas conseguem patrocínios, o ser humano comum também pode conseguir apoios de vários fontes:


  • Família e amigos - Paitrocínio, mãetrocínio, avõtrocínio, tiotrocínio, irmãotrocínio, amigotrocínio... tantas opções! “Mas queres que eu vá mendigar ao pessoal??” Mendicidade não é a única opção – existem algumas menos radicais, como por exemplo:

    • herança de um familiar ou amigo

    • donativo para uma causa que eles consideram válida, na qual tencionávamos gastar de qualquer forma (p.ex., estudos, programa de voluntariado, ...)

    • empréstimo que permita fazer um investimento seguro (de outra forma impossível) que traga retorno suficiente para pagar o empréstimo e aumentar “quanto $ tenho” (p.ex., completar um curso, abrir um negócio, etc.)

  • Instituições de ensino, fundações, etc. - Algumas instituições oferecem apoios para certos projectos ou prémios por determinados méritos. Será que não somos elegíveis? Apoio para cursos, investigação, viagens, ... Prémio por um estudo, texto, desenho, ...


  • Empresas - Até uma empresa totalmente focada em lucro pode alinhar num patrocínio que cubra determinadas despesas de vida. Criatividade não é a minha especialidade, mas, só para dar alguns exemplos, porque não pedir apoio para iniciativas como:

    • passar um ano fechado em casa utilizando unicamente equipamentos de determinada marca e escrevendo um blog a partilhar a experiência

    • viajar de Lisboa a Pequim num carro a energia solar

    • dar a volta ao mundo pagando unicamente com determinado cartão de crédito

  • Comunidade - Desconhecidos podem ser uma intrigante fonte de apoio, por vezes para iniciativas aparentemente tão pouco merecedoras como uma mega-campanha eleitoral, pagar dívidas pessoais, fazer cirurgia estética ou simplesmente deixar alguém mais rico! Fenómenos destes são provavelmente estadounidenses, mas quem sabe não podem inspirar ideias com valor? Em caso de desespero, talvez mendigar seja uma opção... mas antes de chegar lá, que tal voltar ao início e rever necessidades? Em cada iteração aparecem sempre novas oportunidades!



Recursos online

Ao pesquisar para escrever este artigo encontrei um site português muito bom, exactamente sobre como poupar dinheiro (e também um pouco sobre como ganhar mais dinheiro) – tem vários artigos excelentes com indicações muito práticas.

Outro blog português muito bom com discussões sobre finanças pessoais (poupanças, investimentos, etc.) é o de Pedro Pais.


Ferramenta de cálculo

Os mais atentos terão reparado que a equação da cobertura financeira está muito simplificada e omite vários factores relevantes:


  • Juros sobre o $ que tenho (que pode ser investido, por exemplo em depósitos a prazo)

  • Inflação (que vai inexoravelmente reduzir o valor da nossa riqueza ao longo do tempo)

  • Possibilidade de receber uma pensão da segurança social após a reforma

  • Probabilidade de eu querer (ou ter de) trabalhar mais uns anos de qualquer forma, e por isso esperar ter maiores poupanças quando me decidir reformar

  • Probabilidade de os meus gastos variarem ao longo do tempo e não serem constantes para sempre (por exemplo, se aparecer um filho na equação, ou uma doença grave [não estou a sugerir que sejam fenómenos semelhantes!], é de esperar que os gastos aumentem significativamente)


Para tornar os cálculos ligeiramente mais completos, mas ainda assim simplificados (juros, inflação e gastos são considerados constantes no tempo, não considera eventual pensão após a reforma), criei uma ferramenta de cálculo, acessível aqui para quem tem Excel ou programa compatível (quem não tem pode experimentar Zoho ou Google).

[Actualização: Se te interessa este tema, vê também esta nova ferramenta: a Folha Forreta®!]

Divirte-te a calcular a tua cobertura financeira, especialmente se o dia de que mais gostas for o dia de S. Receber!






[Certamente, a análise aqui apresentada está longe de ser completa. Envia comentários com as tuas ideias!]

domingo, 2 de novembro de 2008

Maratona de Nova Iorque

Missão cumprida! Terminei a maratona de Nova Iorque em 2h57'51”!! Fui 802º entre os 38.096 atletas que terminaram a prova em menos de 10 horas (resultados completos aqui).


Em milhas é mais fácil!

Esta foi, sem dúvida, a mais fácil das minhas cinco maratonas até ao momento. Na melhor forma de sempre (para maratonas), com baixas temperaturas e muito apoio, tudo fica mais fácil: parece que a distância é reduzida, e o sofrimento também.

(Nota: Podem consultar o percurso da maratona aqui)



Foto: brightroom



Já em cima da ponte Verrazano-Narrows (Staten Island-Brooklin), onde seria dada a partida, sentia-me preparadíssimo para a maratona. Treinos excelentes nos meses anteriores, com qualidade, sem lesões, recuperação rápida de treino para treino. Sem quaisquer dores ou cansaço no corpo (pés, pernas, joelhos...), bem dormido. Boa alimentação (hidratos de carbono!) nas vésperas e no próprio dia. Desperdícios líquidos e sólidos libertados. Café uma hora antes da partida, porque consta que promove a queima de gorduras, poupando valioso glicogénio. (Aha! Afinal não estou livre de drogas! Ok, ok, confesso que este ano devo ter tomado uma meia dúzia de cafés, todos por razões desportivas...) Corpo quente, graças às calças e casaco comprados no Salvation Army (US$4 pelas calças, US$5 pelo casaco!, para os poder deixar na partida no último minuto) e ao aquecimento de 10 minutos em corrida lenta. Dia espectacular: céu azul, quase limpo de nuvens, frio mas não gelado (entre 5 e 10ºC). Adrenalina em cima. Venham as 26 milhas!




Roupa do Salvation Army



Tiro de partida! Os primeiros atletas começaram a correr ao som de Frank Sinatra: “Start spreading the news...”. Na minha partida (havia três pontos de partida simultânea) ficámos a olhar para os atletas de elite a passar ao lado (pareciam ir devagar!), até que reparámos que o pessoal à nossa frente tinha começado a avançar e iniciámos a nossa peregrinação até ao Central Park.



Foto: brightroom



As duas primeiras milhas fizeram-se quase sem dar por elas, ultrapassando atletas na ponte. À entrada no Brooklin apareceram os primeiros dos milhões de espectadores prometidos, a fazer bastante barulho.



Foto: brightroom



Pouco depois surgiu a milha 3 e o km 5: “Já?! Isto está a passar rápido! Já lá vai quase 1/8 de maratona!”.



Foto: brightroom



No km 5 passei pelo primeiro tapete de detecção de chips (além do da linha de partida) e imaginei as bulicenas a serem actualizadas com o meu tempo e o pessoal a acompanhar à distância e a mandar apoio através de intensas radiações telepáticas! Cada vez que passava por um tapete – a cada 5 kms, na meia-maratona, em cada milha entre a 16 e a 26 e na meta – ficava sempre animado ao imaginar a informação a ser actualizada e os leitores das bulicenas a mandar mais energias de apoio. Obrigado pessoal!

Perto da milha 4 estavam a Sílvia e a Mei Yee, muito animadas e animadoras, no primeiro ponto combinado. Energia recarregada a 120%!





Irracional mas verdadeiro: correr em milhas é (psicologicamente) mais fácil! Cada milha que passava eram 1,6 km, em 3 milhas já lá iam quase 5 km... Apenas 26 milhas em vez de 42 km!! Fiquei surpreendido com a rapidez com que aparecia cada nova milha. A ajudar a passar o tempo claro que estava o público e os atletas companheiros de aventura, mas também os postos de abastecimento (a cada milha), que se viam de longe e davam logo aquele ânimo de “mais uma milha!” (ou “menos uma”).

O temido vento estava contra. Foi a primeira coisa em que tinha reparado ao sair de casa às 6:30 da manhã: as bandeiras esvoaçando para Sul... nem tudo pode ser perfeito. Durante a prova, notei o vento especialmente na 4ª Avenida no Brooklin, onde corríamos uma recta de Sul para Norte, entre as milhas 4 e 8. Ao verificar que conseguia manter o ritmo pretendido, deixei de reparar – afinal, não havia nada que eu pudesse fazer (experimentei algumas vezes ficar atrás de outros atletas, a ver se me protegia do vento, mas não senti grande efeito e acho sempre algo claustrofóbico ir “na cola”).



Foto: brightroom



Túnel de energia

No Norte do Brooklin, por volta da milha 10, o público estava incrivelmente animado. Na Avenida Bedford, num trecho um pouco mais estreito que tornava o público mais próximo e obrigava os atletas a correrem num pelotão mais compacto, formou-se um autêntico túnel de energia. Os espectadores gritavam alto, por vezes em resposta a um berro de um atleta mais inspirado, e formava-se uma ressonância espectacular: de repente éramos todos campeões olímpicos e os nossos depósitos de energia voltavam ao nível máximo (como nos jogos de computador, quando apanhamos um objecto que restabelece a energia a 100%). Obrigado pessoal!

Até perto da meia-maratona (13,1 milhas; ponte entre Brooklin e Queens) tudo foi bastante fácil, como deveria ser (se corresse a primeira metade em esforço provavelmente não conseguiria completar a maratona). O ritmo estava perfeito. Tinha alguma vontade de fazer uma paragem nas boxes (nos WCs portáteis disponíveis em cada milha) mas fui adiando a paragem até ao final e acabei por poupar esses segundos. Comecei a sentir as pernas e pela primeira vez lembrei-me de que em algum momento apareceria o senhor sofrimento.


Estádio olímpico

Na milha 16 (ponte de Queensboro, entre Queens e Manhattan) iniciei a contagem decrescente: 10 milhas para o final, 9, 8... Pela primeira vez fiz a conta básica: “10 milhas x 7'/milha = 70 minutos, a somar a 1h48' que já lá vão... quer dizer que mesmo que o meu ritmo piore para 7'/milha [a média estava em 6'47”/milha] ainda devo conseguir baixar das 3 horas!!”. Mas rapidamente pensei que 7'/milha não era assim tão lento, e que bem poderia acontecer que os últimos kms fossem mesmo muuuuito lentos e portanto tinha de me concentrar em manter o ritmo até o mais tarde possível.

À saída da ponte de Queensboro, ao entrar na 1ª Avenida em Manhattan, tornei-me o líder da maratona à entrada no estádio olímpico! Fortes aplausos, gritos ensurdecedores, energia, muita energia.... Ali estava uma ruidosa multidão (invisível e silenciosa para quem vinha na ponte) que se espalhava por umas três milhas.

Durante a milha seguinte olhei bastante para o público à procura de caras conhecidas que tinham combinado estar por ali. Mas a multidão era tão densa que a probabilidade de as encontrar era muito baixa. Foquei-me em apreciar o público e sintonizar as antenas para recolher energias telepáticas.

A longa recta entre as milhas 16 a 20 fez-se bem, com energia extra graças ao espectacular público. Apesar de não sentir calor, pela milha 18 decidi tirar a camisola de manga comprida, para ver se o frio me ajudava a superar os difíceis kms finais. Por essa altura passámos no posto de abastecimento de PowerGel, que nos recordava que as nossas reservas de glicogénio deveriam estar praticamente a zero e o “muro” poderia aparecer a qualquer momento...



Foto: brightroom



Onde está o “muro”?

Na milha 20 (km 32, famoso ponto a partir do qual o “muro” costuma atacar) entrámos no Bronx, mas logo na milha 21 saímos. A reentrada em Manhattan, a 5 milhas da meta (pouco mais de meia hora!), deu-me bastante ânimo: “só” faltava entrar no Central Park e terminar! As pernas estavam cansadas, algo doridas, mas ainda conseguia dar passadas normais. Surpreendido, não notei sinais do “muro”. Mas suspeitava que ele poderia aparecer a qualquer momento e nada estava garantido.



Foto: brightroom



Após a milha 22 iniciámos uma longa e razoavelmente inclinada subida na 5ª Avenida. Do lado direito estava já o Central Park! No fim da subida, após a milha 23 (5 kms para terminar! Só mais uns 20 minutos!!), entrámos à direita no Central Park e iniciámos uma montanha russa de duas milhas, com bastantes mais descidas que subidas (para alegria de todos os corredores), que me ajudaram a fazer uma 24ª milha razoável (voltei a fazer os cálculos - começava a ser difícil não fazer menos de 3 horas!!) e uma 25ª milha rápida (uma das mais rápidas de toda a corrida).



Foto: brightroom



Última milha!

Uma milha para o final e o muro não tinha aparecido!! Continuava razoavelmente lúcido (apesar de na foto parecer estar a dormir uma sesta...), nem sinais de quebra! Animei-me e dei ordens às pernas para acelerar ligeiramente o ritmo, dar tudo até ao final. E elas obedeceram!





Passei novamente pela Sílvia e pela Mei Yee. A concentração e o cansaço não permitiram distinguir os berros conhecidos entre os anónimos, mas com certeza que o apoio delas ajudou a tirar uns segundos naqueles metros finais!

Já era oficial: pela primeira vez em cinco maratonas não ia sentir o muro! Entrei na rua Sul do Central Park e vi ao fundo a estátua do Cristóvão Colombo, no Columbus Circle. Mais ou menos 1 km para a meta! Verifiquei também que aquela rua é a subir! Nunca tinha reparado, e já passei por ali tantas vezes. Não desanimei – mantive o ritmo forte e continuei a ultrapassar atletas mais cansados.

Meia milha para o final! Por essa altura passei pelo Miguel e pela Christine, cujos berros também não consegui distinguir da multidão. Estava totalmente focado na estátua do Colombo ao fundo e no ritmo forte para acabar.



Foto: brightroom



Finalmente entrei no Columbus Circle e virei à direita para o Central Park – meta a pouco mais de 400 metros! Olhei à volta à procura de caras conhecidas e encontrei logo o Paulo e a Ju, muito animados e com um cartaz com palavras de apoio que a velocidade não permitiu ler. Adrenalina bem em cima, a camuflar quaisquer dores ou cansaços. Tinha entrado no que me parecia um “ritmo louco” para voar os últimos metros.



Foto: brightroom



400 jardas para o final... 300 jardas... Quase não notei a última subida antes da meta... 200 jardas... A meta estava já ali! Cruzei a meta com a lucidez suficiente para “posar” para uma eventual foto final e só então parei o cronómetro: 2 horas, 57 minutos e 50 e tal segundos!! Missão cumprida!



Foto: brightroom



No mesmo instante em que senti a alegria do objectivo alcançado, a adrenalina eclipsou-se. As pernas, que momentos antes galgavam asfalto, agora não queriam nem andar! De repente, ficou frio! Foi então que comecei as duas milhas mais difíceis de todo o dia: caminhar até à saída do Central Park, na rua 85, e depois de volta ao Columbus Circle para encontrar os amigos e celebrar!





Tempos realizados vs. planeados

Eu próprio fico, modestamente, fascinado com a minha capacidade de estimar tempos de corrida. Demonstra um razoável conhecimento do meu corpo e das minhas capacidades. Como se vê na tabela abaixo, os tempos realizados na maratona foram muito próximos dos planeados (erro inferior a 1% em quase todas as milhas). Só houve uma ligeira divergência a partir da milha 16, porque eu tinha planeado ser um pouco mais rápido naquela fase da corrida, até à milha 22, e a partir daí tinha previsto “morrer” e ter de entrar num ritmo lento a que felizmente fui poupado!





O melhor público do mundo

Não sei se eram os 2,5 milhões estimados pelos organizadores (média de 60 pessoas por metro de percurso, ou seja 30 pessoas/metro de cada lado... parece-me um pouco exagerado), mas havia muita muita gente ao longo da maratona. Além das pontes, onde o público não tinha acesso, havia poucos metros sem gente. Mas, mais do que estar lá a assistir passivamente, como acontece em muitas provas, o pessoal em Nova Iorque faz questão de gritar, aplaudir, fazer barulho.

E o apoio não é anónimo, para o grupo de atletas em geral: sempre que possível, os espectadores identificam o atleta (por alguma palavra escrita no equipamento, às vezes simplesmente pelo número de prova) e dão apoio individualizado, gritando os nomes dos atletas, dos seus clubes, etc. No meu caso, porque levei na maior parte da prova, devido ao frio, uma camisola de uma corrida no Brasil, dos Bombeiros de São Paulo, de vez em quando ouvia “Go Bombeiros!”. Pode parecer que não faz grande diferença, mas saber que alguém olhou para mim e me dedicou um apoio especial energiza-me e responsabiliza-me: “tenho de ir bem!”.

Sem dúvida, o melhor público do mundo.

Devo confessar que fiquei um pouco desiludido com as bandas de música ao longo do percurso. As minhas recordações da maratona de Madrid'2001 eram de bandas talvez a cada 5 km, mas que tocavam tão alto que se ouviam uns 500 metros antes e uns 500 metros depois, e me deixavam com o ritmo na cabeça quase até à banda seguinte. Em Nova Iorque a maior parte das bandas eram pouco barulhentas e geralmente eu só reparava nelas no instante em que passava mesmo em frente. E como às vezes havia outra banda poucos metros depois, raramente dava para perceber o que elas estavam a tocar. Acho que nenhum ritmo ficou na cabeça por mais do que uns segundos. Acredito que menos bandas e mais barulhentas teriam maior impacto.

A maratona também proporciona prognósticos para as eleições presidenciais americanas: Obama vai ganhar. De vez em quando aparecia um espectador com um cartaz de apoio ao Obama (por exemplo “High fives for Obama here”) ou um atleta com algum dizer nas costas tipo “We can do it”. Zero para o McCain. No mínimo, por alguma razão, adeptos do Obama são mais propensos a participar e assistir a maratonas demonstrando publicamente as suas preferências políticas.


Os melhores voluntários do mundo

Segundo os organizadores, a maratona de Nova Iorque conta com mais de 6.000 voluntários, dedicados às mais diversas funções: dar indicações para garantir que os atletas chegam ao ponto de partida correcto na ordem correcta no momento correcto, oferecer abastecimento de água e Gatorade a cada milha, prestar assistência médica, indicar o caminho durante a corrida, felicitar e ajudar os atletas após a meta, etc. etc. etc.



Foto: brightroom



Mais impressionante que a quantidade de voluntários era que eles não só correspondiam à responsabilidade que tinham aceite, mas também mostravam genuíno interesse, alegria, preocupação pelos atletas. Nos postos de abastecimento, a cada milha, além de estenderem a mão com copos de água ou Gatorade, os voluntários gritavam palavras de incentivo “mile 12!”, “way to go!”, “you look great!”. Após a meta, dezenas de voluntários em fila aplaudiam e felicitavam os atletas pelo “great job!”. De vez em quando algum perguntava “are you ok?”, “do you need help?” com sincera preocupação. Seria impossível morrer ali sem ninguém dar por isso (ao contrário do que senti em Mumbai, onde logo após a meta entrei numa multidão de anónimos que facilmente ignoraria um corpo ali caído por vários dias).

Extraordinário. Verdadeiros voluntários, que, como o próprio nome sugere mas nem sempre corresponde à verdade, faziam o seu trabalho com vontade. Obrigado!


Os vencedores

Os vencedores da maratona foram ambos repetentes na façanha. A primeira mulher foi a inglesa Paula Radcliffe, recordista mundial na maratona e detentora de quatro dos cinco melhores tempos de sempre na distância, que já tinha vencido em Nova Iorque em 2004 e 2007.



Foto: brightroom



O primeiro homem foi o brasileiro Marilson Gomes dos Santos, que tinha vencido em 2006, surpreendendo a concorrência africana, que não fazia ideia de quem ele seria, com uma fuga na milha 20. Este ano ganhou após uma recuperação fantástica na última milha, quando ia em segundo a uns 10 segundos do líder.



Foto: brightroom



Cobertura televisiva

Aqui podem encontrar imagens televisivas da maratona: reportagem completa da NBC Sports (5 horas – óptima para ter uma ideia de tudo o que se passa à volta deste mega-evento), maratonas masculina e feminina completas (2h-2h30m – foco exclusivo nos vencedores), e resumos de dois minutos sobre os vencedores masculinos, femininos, de corrida e cadeira de rodas.


Próximas loucuras?

E agora que alcancei este objectivo e que a adrenalina se foi... que loucuras se seguirão?

Para já nada muito definido, mas com certeza surgirão ideias a executar! Esta semana é de repouso semi-activo para recuperar bem e rápido. Andar, nadar devagar, alguma corrida lenta e curta mais para o final da semana.

Dia 20 ou 21 de Dezembro tenciono participar no Troféu Marquês do Funchal de pentatlo moderno, em Lisboa, por isso vou concentrar-me em treinar natação e investir em corrida para ganhar velocidade (dentro do possível no relativo pouco tempo entre recuperar da maratona e a prova) e estar na melhor forma possível para nadar 200 metros e correr 3 km. As logísticas do tiro, esgrima e hipismo não facilitam o treino, portanto vou confiar que ainda me lembro como se fazem.

Quanto a maratonas, há sempre novos objectivos possíveis: até ao recorde do mundo (2h03'59”, do fantástico etíope Haile Gebrselassie, na maratona de Berlim deste ano) há muito a melhorar! Tenho pelo menos mais 4 a 6 anos para melhorar a minha forma física (o não menos fantástico e tuga Carlos Lopes foi campeão olímpico em Los Angeles'1984 – com recorde olímpico que durou até Pequim'2008 – aos 37 anos, e recordista do mundo na maratona de Roterdão em 1985, aos 38 anos!). Gostaria pelo menos de melhorar o meu recorde até às 2h48m, que era o tempo que esperava – talvez um pouco irrealisticamennte – ter conseguido fazer logo na primeira maratona. Para acreditar que posso fazer esse tempo, “basta” continuar a trabalhar velocidade/limiar anaeróbio para voltar a fazer 1h20' na meia maratona (ou menos – o meu recorde, de 2000, é 1h17') e resistência para aguentar um ritmo de 15 km/h (4'/km) durante toda a maratona, e escolher um percurso plano numa cidade onde faça bastante frio na altura da prova.

Irei dando notícias!

2008 ING NYC Marathon Alert

Latest Results at 12:42:12 PM:
Location Time Pace/mile
5km0:20:436:40
10km0:41:486:43
15km1:02:496:44
20km1:23:436:44
Half-Marathon1:28:156:43
25km1:45:106:46
Mile 161:49:246:50
Mile 171:55:076:46
Mile 182:01:516:46
30km2:06:086:45
Mile 192:08:356:46
Mile 202:15:296:46
Mile 212:22:276:47
35km2:27:476:47
Mile 222:29:216:47
Mile 232:36:056:47
Mile 242:43:096:47
40km2:48:516:47
Mile 252:49:496:47
Mile 262:56:266:47
Finish2:57:516:46

All times are unofficial. Times may vary in post race official results.


New York Road Runners