sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Cobertura financeira

[Notas: (1) Este artigo está focado em $ e ignora muitos temas críticos para a felicidade humana; isso não quer dizer que $ seja o mais importante na vida – simplesmente reconhece a sua influência no bem-estar de muitos de nós. (2) As bulicenas não incentivam acções ilegais, antes pelo contrário; não especialmente por serem ilegais mas por muitas vezes serem imorais e diminuírem a felicidade no mundo]


Em algum dia menos(?) produtivo na minha vida de consultor, ocorreu-me um conceito muito simples mas que me pareceu surpreendentemente informativo (e particularmente relevante numa altura em que só se fala da “crise financeira”):



Cobertura financeira = (quanto $ tenho) dividido por (quanto $ preciso para viver)



Se dividirmos as nossas posses actuais por quanto precisamos para viver num mês (ou noutra unidade de tempo), obtemos uma estimativa de quanto tempo podemos viver sem trabalhar (“trabalhar” entendido aqui no sentido estrito de fazer algo em troca de uma compensação financeira). Ao contrário do valor absoluto das nossas posses, a cobertura financeira é uma óptima medida da nossa riqueza material!

Por exemplo, se eu tiver poupanças no valor de 20.000 Euros e considerar que posso viver com 1.000 Euros por mês, significa que posso viver durante 20.000 / 1.000 = 20 meses sem trabalhar.

Como maximizar a cobertura financeira? Obviamente, aumentando quanto $ tenho e reduzindo quanto $ gasto.





À primeira vista pode parecer que isto não é contigo, que é só para privilegiados que ganham salários chorudos (futebolistas, pilotos de F1, artistas de Hollywood, consultores, ...) e não para o povão que se tem de arranjar com uns trocos ao fim do mês. Talvez penses assim porque estás muito focado em quanto tens/deverias ganhar, e não em quanto realmente precisas. Alguém que reduza as suas necessidades praticamente a zero (como os sadhus hindus, num exemplo radical) eleva a sua cobertura financeira (ou seja, a sua riqueza material) para perto do infinito! Nem todos podemos fazer o mesmo, mas talvez algumas ideias abaixo possam funcionar para ti. Como é típico de consultores, não se trata de nada muito criativo ou sofisticado: simplesmente senso comum organizado.

Quem está já reformado ou satisfeito com o trabalho e com as finanças talvez não se queira preocupar com $ e não se interesse por este artigo. Mas mesmo para ti, felizardo, será que gastar menos e ganhar mais não poderá permitir aumentar as poupanças e aplicá-las em causas mais nobres (ajudar os desfavorecidos, cuidar do ambiente, aumentar a felicidade no mundo...) que as das empresas que alimentam o teu consumo? E muitas das reduções de gastos correspondem a comportamentos mais ecológicos.


Reduzir quanto $ gasto

É incrível como temos tendência a definir os nossos gastos em função de quanto ganhamos. Ainda me lembro de um almoço na minha primeira semana de trabalho remunerado (a tempo inteiro) em que o meu chefe partilhou a sua sabedoria comigo e outro colega: “Sabem, tipos como nós, que todos os anos vão ser aumentados em pelo menos dois dígitos [mais de 10%], não precisam de se preocupar com as despesas, podemos ir sempre melhorando o nosso padrão de vida”.

Algum leitor adepto desta filosofia poderá exclamar: “Claro! Algum problema com isso?” Depende. Se quiseres (e puderes!) trabalhar para sempre em actividades que te dêem igual ou maior rendimento, então força, boa sorte, gasta à vontade e espero que sejas feliz!

Eu sou adepto de fazer aquilo que quero. E não quero estar dependente de um trabalho que possivelmente não me satisfaça só porque tenho contas a pagar. Gosto de sentir a liberdade de escolher onde quero investir a minha vida, o meu tempo, as minhas energias, o meu ser, não necessariamente em actividades remuneradas.

É habitual as pessoas preocuparem-se por “ganhar mais” para obter essa liberdade e suprirem os seus desejos materiais. Mas muitas vezes é mais fácil reduzir gastos do que aumentar ganhos: basta focar-nos em eliminar fugas de $, reduzir as nossas necessidades materiais (sem reduzir a nossa felicidade, antes pelo contrário!) e reduzir os custos das necessidades que decidirmos manter.

Eliminar “fugas” de $ – Uma fuga de $ é um fluxo de $ que sai regularmente da nossa posse sem darmos por isso (e não me refiro a furtos ou fraudes electrónicas). “Como é que isso é possível??” É possível porque somos muitas vezes consumidores irracionais ou inconscientes, e adquirimos bens ou serviços que não suprem qualquer necessidade real. E também porque há muitas empresas “espertinhas” que se dedicam a fazer negócio à custa de consumidores distraídos. Por muito atentos que sejamos, vai sempre escapar qualquer coisa. Como podemos descobrir estas “fugas”?


  • Mantendo uma lista exaustiva de despesas (todas mesmo! Excel é bastante prático, para quem usa), pelo menos durante um mês (mais do que isso depende da avaliação custo/benefício de cada um), para poder analisar todas as despesas e assinalar as que são “fugas” porque não correspondem a qualquer necessidade. Alguns exemplos de fugas de $ que poderão ser identificadas desta forma:

    • a anuidade do cartão de crédito que nunca usamos

    • a taxa de manutenção da conta bancária sem fundos há vários meses

    • a conta mensal de TV por cabo, usada para ver um filme de vez em quando

    • a assinatura do telemóvel que só usamos para atender chamadas

    • a mensalidade do ginásio que frequentamos uma vez por mês

    • o seguro, impostos e desvalorização do veículo que fica parado o ano todo

    • a assinatura do jornal ou revista que raramente lemos

  • Analisando outras possíveis fugas, mais subtis e difíceis de identificar por serem indirectas, por exemplo:

    • fugas de água: goteiras, fluxo excessivo do autoclismo, torneira aberta enquanto escovamos os dentes ou nos ensaboamos, duches desnecessariamente longos, máquinas de roupa ou louça a funcionar quase vazias (também fuga de electricidade)

    • fugas de electricidade: consumo basal mesmo quando achamos que está tudo desligado em casa, devido a aparelhos em standby, uso pouco eficiente da energia (p.ex., luzes acesas sem ninguém presente, ou sem aproveitar luz natural; frigorífico regulado para temperatura demasiado baixa; aquecimento ou ar condicionado ligados quando não está ninguém em casa, com janelas mal vedadas ou sem primeiro ajustar roupa no corpo)

    • fugas de combustível: consumo excessivo devido a motor mal afinado, condução agressiva, velocidade exagerada

    • fugas de alimentos: comida deitada fora por ter passado do prazo, por exagero ao servir o prato ou por não aproveitar totalmente o conteúdo das embalagens


Reduzir necessidades – Os leitores mais austeros e atentos podem achar impossível encontrar necessidades materiais a reduzir, mas se revirem com atenção aquilo que é realmente crítico e o que é supérfluo com certeza encontrarão alguma oportunidade, por pequena que seja, para:


  • Eliminar totalmente alguma “necessidade” (p.ex., abdicar de deslocações de carro, a ponto de o poder vender; decidir estabilizar geograficamente e parar de viajar de avião de um lado para outro; deixar de fumar; deixar de beber café na rua; despedir o “personal trainer” e passar a treinar sozinho; etc.)


  • Manter necessidades mas reduzir o grau de uso (p.ex., usar menos o carro, podendo vendê-lo e passar a alugar quando for necessário; usar menos o telemóvel; trocar de telemóvel apenas quando ele deixou realmente de funcionar; comer fora menos vezes; reduzir actividades de lazer dispendiosas; fazer menos viagens de fim-de-semana; cortar ou arranjar o cabelo com menos frequência; reduzir custos com prendas de Natal – bom artigo aqui, já agora, não me ofereçam nada por favor!; etc.)


Reduzir custos das necessidades – Mesmo que decidamos que certa necessidade é essencial para a nossa felicidade, há sempre oportunidades para reduzir os custos a ela associados:


  • Pedir bens/serviços emprestados, obtendo o benefício sem custo ou com custo reduzido:

    • a familiares ou amigos (p.ex., quarto ou casa para alojamento ou para um evento, carro para determinada viagem, algum aparelho para uma necessidade pontual, acesso a um canal por cabo para assistir a um programa especial, etc.)

    • a desconhecidos (na Internet encontram-se muitos exemplos de site que facilitam trocas entre desconhecidos, p.ex., alojamento grátis por todo o mundo através do projecto CouchSurfing, troca de casas para férias através do HomeExchange, partilha de livros no BookCrossing)

  • Usar bens/serviços mais baratos, por exemplo:

    • comprar produtos de marcas mais baratas ou de “marca branca” em vez de produtos “de marca”

    • fazer compras em super/hipermercados de “desconto” (em Portugal, redes como Plus, Lidl, Minipreço)

    • passar de um telemóvel pós-pago para um pré-pago de tarifário de baixo custo (p.ex., em Portugal, Rede4, Vodafone Directo, Uzo)

    • comprar produtos com menos “extras” (computadores, carros, ...)

    • escolher uma alimentação mais económica (p.ex., menos carnívora)

    • viajar “low cost”, preferindo meios de transporte mais baratos (bicicleta, autocarro, comboio, linhas aéreas low cost) e alojamento barato (parques de campismo, pousadas, etc., em vez de hotéis com muitas estrelas)

  • Adquirir os mesmos bens/serviços a preços mais reduzidos, por exemplo comprando:

    • após pesquisa exaustiva do melhor preço (compras de maior valor justificam mais investimento na pesquisa)

    • a pronto em vez de em prestações

    • em saldos e promoções (existem sites que ajudam a encontrar boas oportunidades, como o FatWallet, focado nos EUA; amostras grátis são um caso especial mas geralmente de acesso limitado)

    • com menos intermediários, ou sem eles (p.ex., comprando um carro ou uma casa directamente ao proprietário e não através de agentes)
    • em canais mais baratos (como lojas de desconto, Internet – p.ex., os livros na Amazon são sistematicamente mais baratos que nas livrarias)

    • em segunda mão (se mantiver qualidade aceitável, p.ex., livros usados na Amazon, roupa e mobília no Salvation Army, ou Exército da Salvação, múltiplos produtos na Feira da Ladra, física ou online, e em sites como Miau, eBay, Craigslist)

    • em outros países onde seja mais barato (emigrando para um novo país, viajando até lá, ou cravando um amigo para fazer o transporte)


Reduzir gastos em 10% equivale a aumentar automaticamente "quanto $ tenho" em 11% (porque esse $ vai durar mais 11%), e ao mesmo tempo a receber um aumento de salário semelhante! Não é de deitar fora, pois não? Mesmo que alguma destas reduções pareça ridícula, vale a pena ponderar. Será melhor manter o gasto ou dedicar a poupança a uma causa mais nobre? E que tal reduzir o impacto ambiental da minha existência?

Uma forma mais radical e mais trabalhosa de reduzir gastos é começar do zero: pegar numa folha de papel em branco e ir listando necessidades, possíveis opções para as suprir e decisão - comprar ou não. E não fazer compras que não tenham sido devidamente "autorizadas" - a burocracia ao serviço da poupança!

E claro que é fundamental manter uma atitude constante de consumo racional, de poupança (até de austeridade, se trouxer felicidade), para evitar incorrer em gastos sem sentido. Em cada momento de potencial consumo pensar "Preciso mesmo disto? Vou ser mais feliz? O mundo vai ficar melhor? Tem de ser hoje? Justifica as horas de trabalho que demorei a ganhar este $?" Se alguma resposta for "Não" talvez a compra deva ser cancelada ou adiada.

Se estás entusiasmadíssimo com a possibilidade de reduzir gastos drasticamente e reformar-te imediatamente, posso recomendar a cidade de Rishikesh, no Norte da Índia, onde é possível viver com cerca de 1.000 Euros por ano – suficiente para alojamento num genuíno ashram, alimentação tradicional indiana e mais umas pequenas coisas – ou, na versão deluxe, mais uns 500 Euros para aulas diárias de yoga e meditação.


Aumentar quanto $ tenho

O último extracto da conta bancária e de eventuais investimentos (certificados de aforro, acções, ...) diz-nos quanto $ temos neste momento. Pode ser uma constatação deprimente para muitos leitores, mas as boas notícias são que existem várias estratégias para aumentar esse valor, rápidas ou a longo prazo, fáceis ou (mais provavelmente) nem tanto: vender bens, ganhar mais, obter “patrocínios”.

Vender bens – Porque não vender bens que não são estritamente necessários para a nossa felicidade? Cada um terá os seus exemplos, menos ou mais valiosos: livros, revistas, discos de vinil, cassetes áudio ou VHS, CDs, DVDs, roupa, sapatos, relógios, telemóveis, iPods, câmaras fotográficas e vídeo, computadores, obras de arte, móveis, electrodomésticos, ferramentas, brinquedos, jogos, instrumentos musicais, equipamentos desportivos, patins, bicicletas, motos, automóveis, barcos, aviões, casas, terrenos, ... (E não quer dizer que tenha de viver sem usufruir do tipo de bem vendido: posso vender a casa ou o carro para comprar um mais barato.) Em Lisboa, a Feira da Ladra pode ser um bom local para a venda (no Campo de Santa Clara, às Terças e Sábados a partir das 6 da manhã), e claro que já há uma versão online. Existem outros sites na Internet que facilitam a revenda de tudo e mais alguma coisa, como Miau (Portugal), eBay (sem versão portuguesa) ou Craigslist (disponível para Portugal).

Ganhar mais – Ganhar mais é o sonho de muitos... Há algum truque mágico para conseguir torná-lo realidade? Provavelmente não, mas talvez ajude pensar nas principais alternativas:


  • Arranjar emprego (para quem não tem neste momento uma actividade remunerada)


  • Conseguir aumento no actual emprego – Depende da situação de cada um, mas tudo é negociável... Algumas opções para gerar mais $ no trabalho:

    • fazer horas extraordinárias (se elas forem pagas!)

    • mudar para um horário (p.ex., nocturno) que seja mais bem pago

    • mudar para uma função mais bem paga (nem sempre tem de ser uma promoção)

    • mudar para um país mais bem pago ou com menos impostos (p.ex., quando mudei para a Índia passei a ganhar metade do meu salário na mesma empresa no Brasil – claramente não era meu objectivo maximizar quanto $ ganhava; no Dubai não existe IRS!)

    • trabalhar de forma aplicada, competente, etc., e lutar pela promoção

    • fazer a formação necessária para obter uma promoção

    • simplesmente pedir um aumento (devidamente justificado)

    • garantir que todas as eventuais despesas de trabalho são reembolsadas (viagens, refeições, etc.)

  • Negociar outras condições com o empregador, que podem ter igual ou maior valor que aumentos de salário, por exemplo:

    • subsídios de transporte ou alimentação

    • carro da empresa

    • espaço no parque da empresa para poupar nos parquímetros

    • seguros (de saúde, acidentes pessoais, ...)

    • acesso a condições especiais da empresa na compra de bens ou serviços nos quais gastaríamos de qualquer forma (p.ex., supermercado, equipamentos, serviços de saúde, espectáculos, viagens, ...)

    • apoio financeiro para fazer um curso relevante em horário pós-laboral (que possivelmente levará a uma promoção e consequente aumento)

    • dias de férias ou de licença sem vencimento que permitam ganhar ou poupar $ (p.ex., participando numa outra actividade remunerada, poupando nas férias por serem em época baixa, ...)

    • horário de entrada flexível (p.ex., para poder entrar e/ou sair fora da hora de ponta e poupar $ utilizando transportes públicos, e/ou tempo que pode ser aplicado em actividades remuneradas ou que poupam $)

    • local de trabalho (p.ex., mais próximo de casa, permitindo poupar nos transportes e tempos de deslocação)

    • trabalho a partir de casa (para poder poupar nos transportes, na roupa de trabalho, nas refeições fora de casa, no infantário das crianças, ...)

  • Mudar para emprego mais bem pago – Fora questões motivacionais, etc., será que estamos a investir o tempo onde ele é melhor recompensado? Há quanto tempo não analisamos a alma e o mercado para ver onde gostaríamos de estar? O que seria necessário para conseguir aquele emprego bem melhor?


  • Arranjar mais empregos/actividades remuneradas – Se ainda sobra algum tempo, energia e motivação... porque não procurar alguma outra actividade remunerada? Não tem de ser necessariamente chata. Podemos tentar rentabilizar algo que sabemos (e, idealmente, gostamos) de fazer e pelas quais alguém esteja disposto a pagar: escrever, pintar, cozinhar, cuidar de crianças ou de idosos, tocar música, tirar fotografias, programar computadores, servir de guia, intérprete, treinador, professor, conselheiro, consultor, ...


  • Investir bem as poupanças – Quem tem poupanças, por pequenas que sejam, deve garantir que estão minimamente bem investidas (para os juros pelo menos compensarem o efeito da inflação; 1.000 euros podem gerar 30 euros por ano, se passarem de uma conta corrente de baixa ou nula remuneração para um depósito a prazo que renda 3% líquidos ao ano – já dá para pagar algumas coisinhas, não?). Quem, como eu, não gosta do risco da bolsa (suspeito que neste momento muita gente se inclui neste grupo!), pode ficar por investimentos mais seguros como certificados de aforro (aqui um simulador) ou depósitos a prazo (aparentemente com melhores juros ultimamente: p.ex., taxas brutas de 4% no Banco Big).


Obter “patrocínios” – Nem só super-atletas conseguem patrocínios, o ser humano comum também pode conseguir apoios de vários fontes:


  • Família e amigos - Paitrocínio, mãetrocínio, avõtrocínio, tiotrocínio, irmãotrocínio, amigotrocínio... tantas opções! “Mas queres que eu vá mendigar ao pessoal??” Mendicidade não é a única opção – existem algumas menos radicais, como por exemplo:

    • herança de um familiar ou amigo

    • donativo para uma causa que eles consideram válida, na qual tencionávamos gastar de qualquer forma (p.ex., estudos, programa de voluntariado, ...)

    • empréstimo que permita fazer um investimento seguro (de outra forma impossível) que traga retorno suficiente para pagar o empréstimo e aumentar “quanto $ tenho” (p.ex., completar um curso, abrir um negócio, etc.)

  • Instituições de ensino, fundações, etc. - Algumas instituições oferecem apoios para certos projectos ou prémios por determinados méritos. Será que não somos elegíveis? Apoio para cursos, investigação, viagens, ... Prémio por um estudo, texto, desenho, ...


  • Empresas - Até uma empresa totalmente focada em lucro pode alinhar num patrocínio que cubra determinadas despesas de vida. Criatividade não é a minha especialidade, mas, só para dar alguns exemplos, porque não pedir apoio para iniciativas como:

    • passar um ano fechado em casa utilizando unicamente equipamentos de determinada marca e escrevendo um blog a partilhar a experiência

    • viajar de Lisboa a Pequim num carro a energia solar

    • dar a volta ao mundo pagando unicamente com determinado cartão de crédito

  • Comunidade - Desconhecidos podem ser uma intrigante fonte de apoio, por vezes para iniciativas aparentemente tão pouco merecedoras como uma mega-campanha eleitoral, pagar dívidas pessoais, fazer cirurgia estética ou simplesmente deixar alguém mais rico! Fenómenos destes são provavelmente estadounidenses, mas quem sabe não podem inspirar ideias com valor? Em caso de desespero, talvez mendigar seja uma opção... mas antes de chegar lá, que tal voltar ao início e rever necessidades? Em cada iteração aparecem sempre novas oportunidades!



Recursos online

Ao pesquisar para escrever este artigo encontrei um site português muito bom, exactamente sobre como poupar dinheiro (e também um pouco sobre como ganhar mais dinheiro) – tem vários artigos excelentes com indicações muito práticas.

Outro blog português muito bom com discussões sobre finanças pessoais (poupanças, investimentos, etc.) é o de Pedro Pais.


Ferramenta de cálculo

Os mais atentos terão reparado que a equação da cobertura financeira está muito simplificada e omite vários factores relevantes:


  • Juros sobre o $ que tenho (que pode ser investido, por exemplo em depósitos a prazo)

  • Inflação (que vai inexoravelmente reduzir o valor da nossa riqueza ao longo do tempo)

  • Possibilidade de receber uma pensão da segurança social após a reforma

  • Probabilidade de eu querer (ou ter de) trabalhar mais uns anos de qualquer forma, e por isso esperar ter maiores poupanças quando me decidir reformar

  • Probabilidade de os meus gastos variarem ao longo do tempo e não serem constantes para sempre (por exemplo, se aparecer um filho na equação, ou uma doença grave [não estou a sugerir que sejam fenómenos semelhantes!], é de esperar que os gastos aumentem significativamente)


Para tornar os cálculos ligeiramente mais completos, mas ainda assim simplificados (juros, inflação e gastos são considerados constantes no tempo, não considera eventual pensão após a reforma), criei uma ferramenta de cálculo, acessível aqui para quem tem Excel ou programa compatível (quem não tem pode experimentar Zoho ou Google).

[Actualização: Se te interessa este tema, vê também esta nova ferramenta: a Folha Forreta®!]

Divirte-te a calcular a tua cobertura financeira, especialmente se o dia de que mais gostas for o dia de S. Receber!






[Certamente, a análise aqui apresentada está longe de ser completa. Envia comentários com as tuas ideias!]

Um comentário:

  1. Simples e esclarecedor!
    Ainda bem que há tipos que têm tempo para pensar e escrever sobre estas coisas! ;)

    De facto, um dos maiores problemas das pessoas (talvez o maior!) é não terem grande consciência do que andam a fazer, a gastar... têm apenas uma ligeira ideia! mas continuam a viver aos tropeções como se tudo estivesse bem.

    E isso decorre de outro tema - que proponho para outro post das Bulisofias! - que é o da gestão do tempo! Nós não dedicamos tempo nenhum a ver a vida a uma distância crítica! Estamos sempre tão dentro da vida que apenas vemos que ela nos pede mais e mais coisas! E não temos distância suficiente para perceber que, se nos afastássemos por uns momentos, e a víssemos ao longe, perceberíamos logo que algo vai mal, que precisamos de equilibrar este ou aquele aspecto, que precisamos de tempo para perceber onde estamos a gastar mal o tempo!

    E o tempo, afinal, não será a nossa maior riqueza?!

    Aqui vão estas cogitações!
    Obrigado por este post!
    Abraço!
    João.

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