terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Profecias auto-realizadoras

Cinco dias antes da Páscoa, as multidões, “ao ouvirem que Jesus vinha a Jerusalém, pegaram em ramos de palmeiras e saíram-lhe ao encontro, clamando: «Hossana! Bendito o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel!» E Jesus encontrou um jumentinho e montou nele, conforme está escrito: Não temas, Filha de Sião, olha o teu Rei que chega sentado na cria de uma jumenta".[João 12.12-15]

Em várias passagens do Novo Testamento encontramos situações em que Cristo cumpre algo que estava escrito no Antigo Testamento. Em algumas, como esta, Jesus tem a capacidade de influenciar de forma muito directa os acontecimentos e realizar as profecias.

Uma profecia auto-realizadora é uma previsão sobre o futuro que influencia o futuro de forma a que a previsão se cumpra. O mundo está cheio delas a todos os níveis. Podem ser uma excelente ferramenta para construir um mundo melhor ou uma sentença para o condenar à desgraça. Será que podemos ser melhores profetas?

Se me convenço ou me convencem de que vou correr uma maratona em menos de três horas é provável que escolha uma maratona adequada, treine com disciplina e empenho, inicie a corrida no ritmo certo, procure combater as dores e o cansaço e alcance o meu objetivo. Se acho que não sou capaz, talvez nem chegue a inscrever-me na prova, não treine adequadamente, não corra no ritmo necessário, ou desista quando o corpo começar a doer.

Se me classifico ou me classificam como forte, “virtuoso”, é mais provável que desenvolva as minhas capacidades e as aproveite para ter sucesso na vida. Se sei que sou fraco, “pecador”, é mais provável que ceda à mais pequena tentação e não seja capaz de deixar de “pecar”. Se me considero sortudo é mais provável que assuma riscos e que me permita ter sorte. Se sei que sou azarado é mais provável que não arrisque e não petisque. Se confio que vou tirar boas notas e entrar naquele curso é mais provável que me aplique nos estudos e tenha sucesso. Se sei que sou preguiçoso e que não me consigo levantar quando toca o despertador é mais provável que fique deitado até tarde.

O professor/treinador/chefe/pai que acredita nos seus alunos/atletas/empregados/filhos investe neles e ajuda-os a melhorar e terem sucesso, a serem campeões da vida. O que não acredita tende a deixá-los penar e possivelmente fracassar. Se não acredito que o meu amigo/filho/pai/irmão/cônjuge seja capaz de fazer dieta e perder os 5 kgs é mais provável que ele não consiga emagrecer. Se sei que o meu amigo chega sempre atrasado e até já combino as coisas a contar com isso é mais provável que ele chegue atrasado. Se duvido que o meu amigo consiga deixar de fumar é mais provável que ele rapidamente desista de deixar o vício.


Nestes últimos dias vieram até mim, clamando por serem partilhados, quatro textos que descrevem profecias auto-realizadoras em diferentes contextos:

Disbicicléticos” (que encontrei no blog dos Pais21), num exemplo sobre crianças com síndrome de Down, discute como ao catalogar uma criança com algum tipo de limitação nos desresponsabilizamos da sua educação e desenvolvimento e a condenamos a viver limitada.

The Matthew Effect” descreve o “efeito Mateus” aplicado ao desporto e à detecção de talentos desportivos: como a vantagem dos jovens atletas nascidos nos primeiros meses do ano (por serem significativamente mais desenvolvidos que os colegas nascidos no final do ano) lhes traz maior apoio nos primeiros anos de actividade física e como isso determina carreiras desportivas completas.

The Give and the Take” explica como a crença de que o álcool era necessário para uma vida feliz alimentou o vício do autor durante muitos anos, até que finalmente ele percebeu a espiral de morte em que se encontrava e mudou de “profecia”.

Afinal 2009 vai ser um grande ano!” propõe uma abordagem positiva ao novo ano, responsabilizando-nos por intervir na realidade, e especificamente propõe um foco no bem que a Igreja faz no mundo, que certamente ajudará a realizar essa “profecia” bem mais positiva que a alternativa de focar nas “asneiras”.


Aquilo em que acreditamos influencia terrivelmente aquilo que somos e em que nos tornamos, e aquilo que são e se tornam aqueles que nos rodeiam. Se podemos acreditar num mundo positivo e assim fazê-lo melhor, porquê acreditar num mundo negativo?

Quais são as tuas profecias para 2009?

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