quinta-feira, 29 de março de 2012
domingo, 25 de março de 2012
Conformidade
Hoje lembrei-me do meu professor de Literatura Espanhola de 1º de BUP (equivalente ao 9º ano) e de como nos desafiava a identificar o tema dos livros analisados. Nunca óbvio (e sempre subjetivo, apesar de o professor parecer pensar que não).
Fui ver The Hunger Games (do qual gostei muito, mas não é difícil que eu adore histórias de ficção científica e/ou regimes totalitários). No filme, 24 adolescentes (um rapaz e uma rapariga escolhidos de cada um dos 12 distritos do país) participam num reality show em que o vencedor é o único sobrevivente. Como em tantos dilemas do prisioneiro, os jovens não se lembram de formar uma coligação contra os organizadores do programa e rapidamente começa uma carnificina.
O tema do filme para mim é conformidade: o seguimento das normas esperadas pelo grupo ou sociedade.
Um exemplo mais fácil de relacionar é a guerra: países de todo o mundo escolhem e treinam os seus cidadãos mais capazes fisicamente (jovens por volta dos 20 anos) e enviam-nos para morrer em estúpidas guerras (perdoem o pleonasmo). Como se nota, tenho grande dificuldade em justificar uma guerra (fica para outra bulicena), mas em especial custa-me entender como é possível recrutar tantos jovens para irem matar e morrer por causas alheias.
Conformidade.
Mais perto do meu dia-a-dia (já que felizmente nunca estive num cenário de guerra - Cabul estava sossegada em Agosto de 2003 - e deixei de estar na reserva de recrutamento desde 1/Jan/2012 - se bem que se Portugal entrar em guerra alguém pode tentar reincorporar-me), quantas vezes escolho submeter-me a regras com as quais não me identifico? Quais os "jogos" que decido jogar? Vivo a minha vida como quero, ou como acho que os outros acham que a devo viver? Até onde estou disposto a ir? Em troca de quê? Comida? Dinheiro? Status? De não ser chateado, ridicularizado, preso, morto? Escolho conscientemente para alcançar um bem maior? Quantas vezes jogo cegamente, sem pensar? Ou me engano a mim próprio com racionalizações?
Conformidade...
Fui ver The Hunger Games (do qual gostei muito, mas não é difícil que eu adore histórias de ficção científica e/ou regimes totalitários). No filme, 24 adolescentes (um rapaz e uma rapariga escolhidos de cada um dos 12 distritos do país) participam num reality show em que o vencedor é o único sobrevivente. Como em tantos dilemas do prisioneiro, os jovens não se lembram de formar uma coligação contra os organizadores do programa e rapidamente começa uma carnificina.
O tema do filme para mim é conformidade: o seguimento das normas esperadas pelo grupo ou sociedade.
Um exemplo mais fácil de relacionar é a guerra: países de todo o mundo escolhem e treinam os seus cidadãos mais capazes fisicamente (jovens por volta dos 20 anos) e enviam-nos para morrer em estúpidas guerras (perdoem o pleonasmo). Como se nota, tenho grande dificuldade em justificar uma guerra (fica para outra bulicena), mas em especial custa-me entender como é possível recrutar tantos jovens para irem matar e morrer por causas alheias.
Conformidade.
Mais perto do meu dia-a-dia (já que felizmente nunca estive num cenário de guerra - Cabul estava sossegada em Agosto de 2003 - e deixei de estar na reserva de recrutamento desde 1/Jan/2012 - se bem que se Portugal entrar em guerra alguém pode tentar reincorporar-me), quantas vezes escolho submeter-me a regras com as quais não me identifico? Quais os "jogos" que decido jogar? Vivo a minha vida como quero, ou como acho que os outros acham que a devo viver? Até onde estou disposto a ir? Em troca de quê? Comida? Dinheiro? Status? De não ser chateado, ridicularizado, preso, morto? Escolho conscientemente para alcançar um bem maior? Quantas vezes jogo cegamente, sem pensar? Ou me engano a mim próprio com racionalizações?
Conformidade...
domingo, 11 de março de 2012
Dragon Ball
Durante o curso no Técnico, há uns 16 anos (glp!), entrei uma tarde na cafetaria da cantina e encontrei um monte de alunos hipnotizados pela TV. Descobri que estavam a ver um tal de "Dragonball" (série de desenhos animados japoneses, ou anime). Fiquei realmente espantado ao ver malta de 20 anos tão fanática por desenhos animados, a ponto de tornar uma prioridade assistir aos episódios diários (enquanto as minhas prioridades passavam por correr, esgrimir, etc., publicar uma revista, ou talvez fazer algum trabalho da faculdade). Em conversa com um amigo, aprendi que era uma série de artes marciais, em que os combates por vezes duravam vários episódios (???). Nunca assisti a nenhum, mas fiquei a pensar "como é que isso pode ser interessante??"
...
15 anos depois...
Na minha primeira viagem ao Japão, uns dias depois da maratona de Tóquio e uns dias antes do famoso tsunami (que me deixou sem grande inspiração para escrever sobre a viagem, por achá-la tão... leviana face ao sofrimento de quem levou com o tsunami em cima)... numa pequena pousada em Nara, perto de Quioto, havia uma estante com alguns livros que os hóspedes podiam ler. Numa olhada rápida, três lombadas vermelhas saltaram à vista.
Eram três dos primeiros volumes da série original de banda desenhada japonesa (ou manga) "do" Dragon Ball (na qual a série de anime se baseou). Recordando os meus amigos fanáticos de anos atrás, peguei no primeiro volume e decidi dar uma olhada, curioso por finalmente perceber qual a piada daquilo!
Não consegui parar de ler.
Li o primeiro volume de uma vez, e no dia seguinte li os outros dois (com o brutal custo de oportunidade de dormir, ou ir passear em Nara! mas o frio exterior ajudava a motivar para aquela hora no quentinho dentro de casa).
Há dias comprei 8 volumes da série em saldos numa livraria que ia fechar e tenho lido um por semana. É sempre tempo bem passado: não só é divertido como transmite boas lições, boas energias e me faz refletir sobre mim mesmo.
Dragon Ball é simplesmente espetacular.
O autor, Akira Toriyama é brilhante. Excelente criador de histórias: épicas, cheias de aventuras, emoção, habilidades e poderes incríveis, muito muito humor, personagens carismáticas e coerentes, caricaturadas, muitas vezes ridículas, muitas vezes admiráveis e inspiradoras... Mas também excelente desenhador: traços simples mas incrivelmente comunicadores, quadrinhos dramáticos, estáticos mas cheios de movimento, de energia, de som, de impacto... Sou grande fã das bocas: algo tão simples como uma elipse deformada dando tanta alma e emoção às personagens.
Son Goku, o simpático puto protagonista (que há 16 anos eu pensava ser o "Dragonball", e com quem algumas crianças naquela altura me confundiam quando o meu cabelo estava mais comprido), desenhado na capa do livro acima, é particularmente espetacular e inspirador:
. Imaculadamente bom, com zero maldade
. Super-hiper-honesto, muitas vezes ingénuo, nunca aplicador de truques menos limpos, muitas vezes alvo deles
. Sempre sempre bem disposto, a emanar infinitas energias positivas, cheio de alegria de viver (e de lutar), mesmo - ou especialmente - quando embrenhado na mais épica final do maior torneio de artes marciais do mundo (O Mais Forte Debaixo dos Céus)
. Grande amigo, leal, companheiro, em especial quando em combate (Son Goku para Kuririn, o melhor amigo, quando se defrontaram pela primeira vez num torneio, nas meias-finais da 22a edição d'O Mais Forte Debaixo dos Céus: "Estou tão entusiasmado! Vou dar o meu melhor!! Tu também, OK, Kuririn?")
. O maior respeitador dos adversários: quando vitorioso ("Talvez ele estivesse num mau dia hoje...") e quando derrotado ("Que grande combate! Ele é mesmo muito bom!! Que privilégio poder aprender com ele!")
. Incansável trabalhador, aplicado, com a melhor ética de trabalho alguma vez vista, infinita força de vontade, sempre preocupado em desenvolver-se mais e mais e mais (por exemplo, passando 3 anos a treinar a cauda - o seu "calcanhar de Aquiles"), para ficar mais forte, mais rápido, sempre melhor
Quando for grande quero ser como o Son Goku!
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15 anos depois...
Na minha primeira viagem ao Japão, uns dias depois da maratona de Tóquio e uns dias antes do famoso tsunami (que me deixou sem grande inspiração para escrever sobre a viagem, por achá-la tão... leviana face ao sofrimento de quem levou com o tsunami em cima)... numa pequena pousada em Nara, perto de Quioto, havia uma estante com alguns livros que os hóspedes podiam ler. Numa olhada rápida, três lombadas vermelhas saltaram à vista.
Eram três dos primeiros volumes da série original de banda desenhada japonesa (ou manga) "do" Dragon Ball (na qual a série de anime se baseou). Recordando os meus amigos fanáticos de anos atrás, peguei no primeiro volume e decidi dar uma olhada, curioso por finalmente perceber qual a piada daquilo!
Não consegui parar de ler.
Li o primeiro volume de uma vez, e no dia seguinte li os outros dois (com o brutal custo de oportunidade de dormir, ou ir passear em Nara! mas o frio exterior ajudava a motivar para aquela hora no quentinho dentro de casa).
Há dias comprei 8 volumes da série em saldos numa livraria que ia fechar e tenho lido um por semana. É sempre tempo bem passado: não só é divertido como transmite boas lições, boas energias e me faz refletir sobre mim mesmo.
Dragon Ball é simplesmente espetacular.
O autor, Akira Toriyama é brilhante. Excelente criador de histórias: épicas, cheias de aventuras, emoção, habilidades e poderes incríveis, muito muito humor, personagens carismáticas e coerentes, caricaturadas, muitas vezes ridículas, muitas vezes admiráveis e inspiradoras... Mas também excelente desenhador: traços simples mas incrivelmente comunicadores, quadrinhos dramáticos, estáticos mas cheios de movimento, de energia, de som, de impacto... Sou grande fã das bocas: algo tão simples como uma elipse deformada dando tanta alma e emoção às personagens.
Son Goku, o simpático puto protagonista (que há 16 anos eu pensava ser o "Dragonball", e com quem algumas crianças naquela altura me confundiam quando o meu cabelo estava mais comprido), desenhado na capa do livro acima, é particularmente espetacular e inspirador:
. Imaculadamente bom, com zero maldade
. Super-hiper-honesto, muitas vezes ingénuo, nunca aplicador de truques menos limpos, muitas vezes alvo deles
. Sempre sempre bem disposto, a emanar infinitas energias positivas, cheio de alegria de viver (e de lutar), mesmo - ou especialmente - quando embrenhado na mais épica final do maior torneio de artes marciais do mundo (O Mais Forte Debaixo dos Céus)
. Grande amigo, leal, companheiro, em especial quando em combate (Son Goku para Kuririn, o melhor amigo, quando se defrontaram pela primeira vez num torneio, nas meias-finais da 22a edição d'O Mais Forte Debaixo dos Céus: "Estou tão entusiasmado! Vou dar o meu melhor!! Tu também, OK, Kuririn?")
. O maior respeitador dos adversários: quando vitorioso ("Talvez ele estivesse num mau dia hoje...") e quando derrotado ("Que grande combate! Ele é mesmo muito bom!! Que privilégio poder aprender com ele!")
. Incansável trabalhador, aplicado, com a melhor ética de trabalho alguma vez vista, infinita força de vontade, sempre preocupado em desenvolver-se mais e mais e mais (por exemplo, passando 3 anos a treinar a cauda - o seu "calcanhar de Aquiles"), para ficar mais forte, mais rápido, sempre melhor
Quando for grande quero ser como o Son Goku!
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