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15 anos depois...
Na minha primeira viagem ao Japão, uns dias depois da maratona de Tóquio e uns dias antes do famoso tsunami (que me deixou sem grande inspiração para escrever sobre a viagem, por achá-la tão... leviana face ao sofrimento de quem levou com o tsunami em cima)... numa pequena pousada em Nara, perto de Quioto, havia uma estante com alguns livros que os hóspedes podiam ler. Numa olhada rápida, três lombadas vermelhas saltaram à vista.
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Eram três dos primeiros volumes da série original de banda desenhada japonesa (ou manga) "do" Dragon Ball (na qual a série de anime se baseou). Recordando os meus amigos fanáticos de anos atrás, peguei no primeiro volume e decidi dar uma olhada, curioso por finalmente perceber qual a piada daquilo!
Não consegui parar de ler.
Li o primeiro volume de uma vez, e no dia seguinte li os outros dois (com o brutal custo de oportunidade de dormir, ou ir passear em Nara! mas o frio exterior ajudava a motivar para aquela hora no quentinho dentro de casa).
Há dias comprei 8 volumes da série em saldos numa livraria que ia fechar e tenho lido um por semana. É sempre tempo bem passado: não só é divertido como transmite boas lições, boas energias e me faz refletir sobre mim mesmo.
Dragon Ball é simplesmente espetacular.
O autor, Akira Toriyama é brilhante. Excelente criador de histórias: épicas, cheias de aventuras, emoção, habilidades e poderes incríveis, muito muito humor, personagens carismáticas e coerentes, caricaturadas, muitas vezes ridículas, muitas vezes admiráveis e inspiradoras... Mas também excelente desenhador: traços simples mas incrivelmente comunicadores, quadrinhos dramáticos, estáticos mas cheios de movimento, de energia, de som, de impacto... Sou grande fã das bocas: algo tão simples como uma elipse deformada dando tanta alma e emoção às personagens.
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Son Goku, o simpático puto protagonista (que há 16 anos eu pensava ser o "Dragonball", e com quem algumas crianças naquela altura me confundiam quando o meu cabelo estava mais comprido), desenhado na capa do livro acima, é particularmente espetacular e inspirador:
. Imaculadamente bom, com zero maldade
. Super-hiper-honesto, muitas vezes ingénuo, nunca aplicador de truques menos limpos, muitas vezes alvo deles
. Sempre sempre bem disposto, a emanar infinitas energias positivas, cheio de alegria de viver (e de lutar), mesmo - ou especialmente - quando embrenhado na mais épica final do maior torneio de artes marciais do mundo (O Mais Forte Debaixo dos Céus)
. Grande amigo, leal, companheiro, em especial quando em combate (Son Goku para Kuririn, o melhor amigo, quando se defrontaram pela primeira vez num torneio, nas meias-finais da 22a edição d'O Mais Forte Debaixo dos Céus: "Estou tão entusiasmado! Vou dar o meu melhor!! Tu também, OK, Kuririn?")
. O maior respeitador dos adversários: quando vitorioso ("Talvez ele estivesse num mau dia hoje...") e quando derrotado ("Que grande combate! Ele é mesmo muito bom!! Que privilégio poder aprender com ele!")
. Incansável trabalhador, aplicado, com a melhor ética de trabalho alguma vez vista, infinita força de vontade, sempre preocupado em desenvolver-se mais e mais e mais (por exemplo, passando 3 anos a treinar a cauda - o seu "calcanhar de Aquiles"), para ficar mais forte, mais rápido, sempre melhor
Quando for grande quero ser como o Son Goku!
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Eu também tive essa surpresa e esses pensamentos um dia em que entrei na fa-utl! E desse dia em diante, todos os cromos, melhores alunos, etc., paravam por volta das 11h da manhã (passou a ser normal simplesmente interromper a aula prática de Arquitectura) e ficavam vidrados na TV do átrio. E depois à tarde nas aulas teóricas, como esta malta até tinha jeito para o desenho, era ver aviõezinhos a passar com reproduções dos bonequinhos guerreiros, em voos acompanhados de gritinhos cortantes (uma pessoa normal *eu* nem conseguia dormir!). Mas será que eu era normal? Olhando para esse ano, lembro-me de estar numa aula de ballet, código, ou à espera do auto-carro, a colar maquetas, ou no cinema (actividades normais que me enchiam o tempo nessa idade) e pensar que devia inteirar-me do que tratava aquele sucesso... E agora, tendo surgido num ano-chave na formação de toda uma geração de arquitectos, quê influências terá tido na Arquitectura Portuguesa : ) ? Bom...
ResponderExcluirQuerido Buli, queria acrescentar que, caso não tenhas reparado, tu já és grande. És enorme, só falta mesmo o cabelo.
Patrícia: sim, também me lembro desses aglomerados de gente ali na zona da Associação de Estudantes da FAUTL!!! Sou mais um que passou completamente ao lado do fenómeno.
ResponderExcluirBuli: definitivamente conseguiste surpreender-me! Tenho para mim que é importante na minha vida de teólogo ter na prateleira a Bíblia, o Catecismo da Igreja Católica, algum livro de espiritualidade... e uma Mafaldinha, ou um Calvin, ou um Patinhas! Com esta publicidade ao Dragon Ball, acho que vou ter que analisar a possibilidade de inclusão na minha biblioteca essencial! Hehe.
A malta já tinha saudades de umas "bulicenas"!!!
ABRAÇO!