Hoje lembrei-me do meu professor de Literatura Espanhola de 1º de BUP (equivalente ao 9º ano) e de como nos desafiava a identificar o tema dos livros analisados. Nunca óbvio (e sempre subjetivo, apesar de o professor parecer pensar que não).
Fui ver The Hunger Games (do qual gostei muito, mas não é difícil que eu adore histórias de ficção científica e/ou regimes totalitários). No filme, 24 adolescentes (um rapaz e uma rapariga escolhidos de cada um dos 12 distritos do país) participam num reality show em que o vencedor é o único sobrevivente. Como em tantos dilemas do prisioneiro, os jovens não se lembram de formar uma coligação contra os organizadores do programa e rapidamente começa uma carnificina.
O tema do filme para mim é conformidade: o seguimento das normas esperadas pelo grupo ou sociedade.
Um exemplo mais fácil de relacionar é a guerra: países de todo o mundo escolhem e treinam os seus cidadãos mais capazes fisicamente (jovens por volta dos 20 anos) e enviam-nos para morrer em estúpidas guerras (perdoem o pleonasmo). Como se nota, tenho grande dificuldade em justificar uma guerra (fica para outra bulicena), mas em especial custa-me entender como é possível recrutar tantos jovens para irem matar e morrer por causas alheias.
Conformidade.
Mais perto do meu dia-a-dia (já que felizmente nunca estive num cenário de guerra - Cabul estava sossegada em Agosto de 2003 - e deixei de estar na reserva de recrutamento desde 1/Jan/2012 - se bem que se Portugal entrar em guerra alguém pode tentar reincorporar-me), quantas vezes escolho submeter-me a regras com as quais não me identifico? Quais os "jogos" que decido jogar? Vivo a minha vida como quero, ou como acho que os outros acham que a devo viver? Até onde estou disposto a ir? Em troca de quê? Comida? Dinheiro? Status? De não ser chateado, ridicularizado, preso, morto? Escolho conscientemente para alcançar um bem maior? Quantas vezes jogo cegamente, sem pensar? Ou me engano a mim próprio com racionalizações?
Conformidade...
domingo, 25 de março de 2012
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Não sei se foi coincidência mas hoje mesmo publiquei uma pequena reflexão sobre a guerra, a propósito de um vídeo feito por um israelita (pai, designer, ...) com um projecto sobre... amar!?... e amar o Irão?!? Sim, isso mesmo! Muito interessante como modo de desmontar a nossa concepção superficial da guerra.
ResponderExcluirVer aqui: https://www.facebook.com/pages/Ver-para-além-do-olhar/117124971653520
ABRAÇO!
Eu nao falo.
ResponderExcluirContinuo, claro, ressentida e amarga por te teres aliado aos marados dos Twitters....;)
Eu tambem acho que guerras sao ridiculas e injustificaveis.
Para comecar deviamos agarrar-nos 'as energias eternas (tipo sol, vento, etc, e largar de vez o petrolio, isso ajudava imenso.)
Beijinhos grandes,
T
Life begins at the end of your comfort zone. [Neale Donald Walsch]
ResponderExcluirBut be careful not to cross over into... * THE TWILIGHT ZONE *
ResponderExcluirE o que comentario te merece o fato de um filme com argumento anti-conformidade ser tao popular quando 95% das pessoas que o vao ver sao certamente conformistas?
ResponderExcluirDr. Koch: O filme é sobre conformidade, mas não necessariamente anti-conformidade. Na verdade, tal como na vida real, todas as pessoas no filme optam por seguir pelo menos algumas regras. A protagonista, contra a sua vontade inicial, oferece um excelente espetáculo televisivo, certamente! (em troca de algo que ela, consciente ou inconscientemente, achou que justificava a conformidade)
ResponderExcluirAcho que o filme é tão popular por ser - mesmo que nem todos o vejam assim - uma excelente metáfora sobre o mundo em que vivemos e as escolhas que todos temos de fazer diariamente.
Mas o que os protagonistas fazem nas alegorias e a mensagem devem ser vistos como coisas separadas. E com mais dois filmes os personagens irao certamente ter oportunidade de evoluir. Mas como ainda nao vi o filme nao faz sentido comentar mais.
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