sábado, 20 de junho de 2009

Sorrisos sem fronteiras


Não, não é mais uma bulicena sobre um suposto terrorista capturado em Singapura (pelo menos ainda não!).

Esta é mesmo a minha fotografia no passaporte. Reconheço que não é a minha fotografia mais simpática. Dois factores contribuem, na minha opinião, para a minha cara de poucos amigos, cada um com uma boa explicação:

A barba: O meu visual habitual não é perfeitamente barbeado, mas também não é muito barbudo (até porque mesmo que eu quisesse a minha barba nunca ficaria verdadeiramente taliban, por falta de qualificações genéticas). Não era minha intenção ficar com barba no passaporte. Eu levava uma fotografia mais “limpa” comigo... mas descobri que agora as fotografias para o passaporte são tiradas no momento de solicitar a emissão. Para não atrasar o processo e porque não costumo levar lâminas de barbear no bolso ficou mesmo assim.

O sorriso (a falta dele): Como se a barba não fosse suficiente, a senhora do Governo Civil de Lisboa deu-me uma instrução claríssima, com um certo tom autoritário: “Nada de sorrisos!” (Ela tinha visto a minha foto no BI e provavelmente tinha-se perguntado como teria sido possível alguém deixar passar uma foto tão escandalosamente alegre; admito que o sorriso está um bocado amarelo, mas foi o que se arranjou na altura e está bem melhor que o passaporte.)



Como já comentado, eu até sou contra a existência de fronteiras e, consequentemente, de passaportes. Acho que deveria haver livre circulação de pessoas pelo mundo inteiro. A egoísta e opressiva invenção de fronteiras rigidamente controladas é muito recente na história humana, e ainda mais na existência do planeta – tenho esperança de que acabem num dia não muito longínquo. Na minha euro-ignorância, a livre circulação de pessoas é provavelmente o que mais aprecio na União Europeia. Por enquanto exigem-me um passaporte para andar a circular pelo mundo e por isso o renovei.

Mas qual será a ideia de me impedirem de sorrir?? Eu gosto de sorrir e gosto de ver sorrir. Fiquei a sentir-me algo reprimido, um pouco como o protagonista da curta-metragem “Validation”. Quando passo nos postos de imigração, a não ser que venha doente ou muito cansado da viagem, é provável que sorria. Se ainda por cima for barbeado, como é que o agente de imigração vai acreditar que sou o dono deste passaporte? Nas últimas vezes que aterrei no aeroporto de Lisboa passei pelos novos controlos automatizados de imigração, em que um computador supostamente reconhece a minha cara comparando-a com a foto no passaporte e deixa-me entrar no país. Escusado será dizer que o computador nunca me reconheceu e foi sempre necessária intervenção humana (de algum agente da autoridade – um daqueles senhores que foram encarregues de manter as fronteiras controladas – invisível, sentado em frente a algum ecrã).

A fotografia do meu passaporte tem ao menos uma vantagem: faz-me sorrir quando olho para ela, ou quando tenho de explicar a alguém o meu ar assustador!

Em vez de proibirmos os sorrisos... será que não os deveríamos tornar obrigatórios? Não sorrir deveria ser até pecado!

Bons sorrisos!

4 comentários:

  1. Só não deveria ser pecado porque muitas vezes a pessoa, sem culpa sua, vê-se incapaz de sorrir em certos momentos. Mas sim, sorrir é muitas vezes essencial!

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  2. Bela nova foto de cabeçalho!
    Torna ainda mais pertinente a reflexão sobre a tua foto do passaporte menos sorridente!
    "Nada de sorrisos" é de campo de concentração!

    ABRAÇO!
    João.

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  3. amanhã vou tirar meu passaporte aqui no brasil e torço muito para que eles me deixem sorrir...

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  4. Por acaso, todas as minhas fotos são de "trombil nr 4"... aquele modo em que entro automáticamente quando sou forçado a fazer seja o que for, tirar fotos ridiculas inclusive.
    No entanto são todas com o cabelo normal e sem barba...ora agora nas férias, como em circunstância alguma iria ter uma reunião em que aparecer com barba de 4 dias ia "parecer mal" aos olhos de algum idiota que se achasse no direito de decidir sobre a imagem alheia, lá deixei crescer tudo.
    Assim, estou agora com uma bela barba e o cabelo está tão grande que tenho que usar gel e puxa-lo para trás (nem está comprido nem curto, logo sem gel pareço um palhaço electrocutado). Com o bronze do verão, barba e cabelo cheio de gel todo puxado para trás, fico com um ar muito "latino" e segundo alguns "intimidador".
    Estou curioso quanto ao passport-check agora na proxima viagem já daqui a 2 dias. Será que me vão obrigar a fazer a barba na fila? A ver vamos, mas ja estou a informar-me sobre os direitos que tenho sobre a minha imagem e apresentação no que toca a verificação de documentos de identificação.

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