Felizmente muita coisa escrita na Bíblia não é verdade! Se fosse tudo verdade, não haveria fé que aguentasse. Ou, se ainda restassem crentes em tais "verdades", eu não gostaria de estar perto deles!
Estou a lembrar-me de uns chocantes trechos do Levítico (ou ainda melhor aqui), ou alguns machismos "de" S. Paulo, que nunca deveriam ter sido incluídos, ou pelo menos deveriam ter sido excluídos da Bíblia há uns séculos atrás. Textos que sugerem que não pode tratar-se de um livro divino: que divindade permitiria que uma publicação sua os incluísse? Seria preciso muita falta de atenção... que não seria própria de uma entidade omnisciente e de amor infinito.
A grande questão é: se nem tudo é verdade/literal, como distinguir o que é do que não é? Acredito que seja isso que se discute em teologia. Para mim (AAAHH HEREGE!!!) há grandes semelhanças com a história do rapaz e o lobo: uma "mentira" aqui, outra ali... a certa altura já não sei se devo acreditar na seguinte. E se os teólogos têm aceite diferentes "verdades" ao longo do tempo... então que verdades são essas?
Na minha "teologia" acabada de estruturar divido crenças/preceitos/dogmas/etc. em:
1. Claramente faz sentido e ajuda a viver uma vida melhor, portanto é óptima ideia acreditar e seguir. Exemplo: amar é fixe.
2. Claramente não faz sentido e portanto não acredito, independentemente do que as autoridades religiosas possam dizer. Exemplos: textos do Levítico acima referidos; infalibilidade papal; existência de qualquer tipo de "povo escolhido" (seja judeu, cristão, humano - o Deus em que acredito não tem favoritos); sacerdócio machista (ou em geral que homens e mulheres não possam desempenhar papéis semelhantes em situações em que não há nada de sexualmente específico).
3. Não sei se faz sentido, mas não me parece fundamental e, agnosticamente, acho que não há forma de saber se é "verdade", por isso não me preocupo com a questão. Exemplos: virgindade de Maria; Santíssima Trindade; ou, mais chocante para cristãos mais ortodoxos, se Jesus morreu e ressuscitou ou até se Jesus é Deus. (A ideia parece-me demasiado antropocêntrica, judaico-cêntrica, e até algo machista. Por que haveria Deus de privilegiar determinado sexo, determinado povo, determinada espécie animal, em determinado período do tempo? Ou será que Deus encarna outras espécies animais e vegetais, assim como outros humanos, ao longo de todo o tempo? Ou seja, talvez Jesus seja Deus como todos nós e tudo à nossa volta somos, numa visão do mundo próxima da animista?)
4. Não sei se faz sentido, mas é uma questão importante e que pode ser investigada, por isso é boa ideia investigar. Exemplo: assim de repente não me ocorre nada... que falta de curiosidade/interesse!
O que importa é que aquilo em que acredito me ajude a viver uma vida melhor, mais feliz e geradora de felicidade.
PS: Obrigado de novo, João, por provocares mais esta reflexão!
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Ambientalista egoísta
Concordo que as preocupações "ambientalistas" são antes de mais preocupações com o nosso ambiente: aquele que é confortável para mim, para os humanos. Bom ar para respirarmos, água para bebermos, chuvas não tóxicas para a nossa agricultura, biodiversidade para continuarmos a ter acesso a variados recursos em complexo equilíbrio, condições atmosféricas razoavelmente agradáveis...
Mas é incrível a capacidade do ser humano de descontar o futuro e pensar "Ah, mas isso será só daqui a não-sei-quantos anos!" Vivemos como aqueles fumadores que já sabem há muito tempo que fumar não é saudável, aumenta brutalmente a probabilidade de cancro do pulmão (além de gerar péssimo hálito e dentes pretos) e leva a muito provável sofrimento futuro. Para quê stressar? Vou mas é curtir a vida! É amanhã? Então não importa.
O famoso problema do free rider (passageiro clandestino?) só piora as coisas: eu sou apenas um entre mais de 6 mil milhões. Se o vizinho do lado deita lixo para o chão, desperdiça energia, anda de carro o tempo todo, etc. etc., por que tenho de ser eu a poupar os recursos do mundo? Vou mas é curtir a vida! Sou uma gota no oceano? Então não importa.
As boas notícias são que o universo, a Terra, a vida e outras tantas coisas fantásticas já estavam cá milhares de milhões de anos antes do ser humano e cá continuarão depois do ser humano. Desaparece uma parte simpática desta obra espectacular, mas ficam 99,9999999999...%. Nada mais natural (a história da vida está cheia de extinções!), apesar da nossa mania de que somos especiais e merecedores de um bail out divino que nos mantenha infinitamente no "poder", com o "estatuto" que julgamos ter.
Então, para quê mudar o nosso comportamento?
Por egoísmo: cuidar do ambiente é exactamente cuidar do ambiente em que vivo... se o mantiver num estado mais estável, limpo, funcional, é provável que eu viva uma vida mais confortável, com menos percalços, mantendo acesso aos recursos a que estou habituado (ar, água, alimentos, fontes energéticas, matérias primas...).
Por nepotismo, nacionalismo, antropocentrismo: se preservar o ambiente, pessoas perto de mim (família, amigos, conterrâneos, outros humanos...) viverão uma vida mais confortável.
Por animalismo, plantismo ou vidismo (preferência pela vida) em geral: se preservar o ambiente em que os seres vivos vivem, é mais provável que eles continuem a viver. Eu gosto de seres vivos (pelo menos grande parte deles - tenho alguma dificuldade com as baratas, mas estou a melhorar).
Por equilíbrio: se eu impactar menos o ambiente vivo em maior equilíbrio com ele. Em geral gosto de equilíbrio (com uns abanões de vez em quando, sempre para alcançar algo melhor).
Por estética: talvez um mundo menos cinzento e menos poluído, com mais variedade de seres vivos seja mais bonito?
Por outras razões que agora não me ocorrem. Propõe as tuas nos comentários! E se tiveres razões para destruir o ambiente, também gostaria de as ouvir - serão certamente uma excelente fonte de reflexão.
Sou certamente um dos humanos com maior impacte ambiental e não é fácil definir onde estão os limites... Vou continuar a trabalhar para melhorar na protecção do meu ambiente. Seria masoquismo fazer outra coisa.
PS: Obrigado, João, por teres provocado esta reflexão!
Mas é incrível a capacidade do ser humano de descontar o futuro e pensar "Ah, mas isso será só daqui a não-sei-quantos anos!" Vivemos como aqueles fumadores que já sabem há muito tempo que fumar não é saudável, aumenta brutalmente a probabilidade de cancro do pulmão (além de gerar péssimo hálito e dentes pretos) e leva a muito provável sofrimento futuro. Para quê stressar? Vou mas é curtir a vida! É amanhã? Então não importa.
O famoso problema do free rider (passageiro clandestino?) só piora as coisas: eu sou apenas um entre mais de 6 mil milhões. Se o vizinho do lado deita lixo para o chão, desperdiça energia, anda de carro o tempo todo, etc. etc., por que tenho de ser eu a poupar os recursos do mundo? Vou mas é curtir a vida! Sou uma gota no oceano? Então não importa.
As boas notícias são que o universo, a Terra, a vida e outras tantas coisas fantásticas já estavam cá milhares de milhões de anos antes do ser humano e cá continuarão depois do ser humano. Desaparece uma parte simpática desta obra espectacular, mas ficam 99,9999999999...%. Nada mais natural (a história da vida está cheia de extinções!), apesar da nossa mania de que somos especiais e merecedores de um bail out divino que nos mantenha infinitamente no "poder", com o "estatuto" que julgamos ter.
Então, para quê mudar o nosso comportamento?
Por egoísmo: cuidar do ambiente é exactamente cuidar do ambiente em que vivo... se o mantiver num estado mais estável, limpo, funcional, é provável que eu viva uma vida mais confortável, com menos percalços, mantendo acesso aos recursos a que estou habituado (ar, água, alimentos, fontes energéticas, matérias primas...).
Por nepotismo, nacionalismo, antropocentrismo: se preservar o ambiente, pessoas perto de mim (família, amigos, conterrâneos, outros humanos...) viverão uma vida mais confortável.
Por animalismo, plantismo ou vidismo (preferência pela vida) em geral: se preservar o ambiente em que os seres vivos vivem, é mais provável que eles continuem a viver. Eu gosto de seres vivos (pelo menos grande parte deles - tenho alguma dificuldade com as baratas, mas estou a melhorar).
Por equilíbrio: se eu impactar menos o ambiente vivo em maior equilíbrio com ele. Em geral gosto de equilíbrio (com uns abanões de vez em quando, sempre para alcançar algo melhor).
Por estética: talvez um mundo menos cinzento e menos poluído, com mais variedade de seres vivos seja mais bonito?
Por outras razões que agora não me ocorrem. Propõe as tuas nos comentários! E se tiveres razões para destruir o ambiente, também gostaria de as ouvir - serão certamente uma excelente fonte de reflexão.
Sou certamente um dos humanos com maior impacte ambiental e não é fácil definir onde estão os limites... Vou continuar a trabalhar para melhorar na protecção do meu ambiente. Seria masoquismo fazer outra coisa.
PS: Obrigado, João, por teres provocado esta reflexão!
domingo, 3 de outubro de 2010
Triatlo Longo de Desaru
O plano era completar o meu segundo 1/2 Ironman (1.9 km de natação, 90 km de ciclismo e 21 km de corrida), depois de Porto Santo no ano passado. Mas o triatlo de Desaru era uma prova bem relaxada em muitos aspectos e acabou por ter distâncias algo diferentes, ainda assim a merecer o nome de "triatlo longo": aproximadamente 2.2 km de natação, 85 km de ciclismo e 19 km de corrida (tendo em conta o calor infernal, aqueles 2 km a menos na corrida não souberam nada mal!).
Foi o meu primeiro triatlo com o Banana Prata Triathlon Club, o grupo de loucos Ironmen e candidatos com quem tenho treinado nos últimos dois meses (tema para uma bulicena um dia). Espero que o primeiro de muitos triatlos! Este grupo é "péssima" companhia e arrisco seriamente uma infecção com o vírus do Ironman...
Fiquei muito satisfeito com o resultado desportivo e com o excelente fim-de-semana passado em Desaru (a um ferry + 80 km pedaláveis desde casa)! No espírito relaxado da prova, não registei os tempos na prova e só soube o meu tempo e classificação final duas semanas depois (não havia chip para registo automático dos tempos). Fiz:
. 38'35" na natação (13º melhor tempo)
. 3h11'11" no ciclismo, incluindo transições (247º tempo). Ia com uma média de uns 30 km/h, mas tive um furo a 20 km do final e devo ter perdido 10 a 15' na troca de câmara de ar (eu sei, tenho de praticar mais...)
. 1h26'06" na corrida (3º melhor tempo, que me levou do 181º para o 47º lugar final!). Ao contrário do meu costume de passar a todo o gás, parei em cada um dos postos de abastecimento de água, para aí a cada 2 km, onde tentava arrefecer o corpo o máximo possível despejando água - felizmente bem fresca - na cabeça e pelas goelas abaixo. O efeito era espectacular... durante 2 ou 3 minutos sentia-me muito melhor!
Tempo final: 5h15'52" (resultados completos aqui).
O maior acontecimento do fim-de-semana foi certamente a Sílvia ter feito o seu primeiro triatlo!!
Clicar na foto para ver a reportagem fotográfica da Sílvia, incluindo fotos dos companheiros Banana Pratas:
Foi o meu primeiro triatlo com o Banana Prata Triathlon Club, o grupo de loucos Ironmen e candidatos com quem tenho treinado nos últimos dois meses (tema para uma bulicena um dia). Espero que o primeiro de muitos triatlos! Este grupo é "péssima" companhia e arrisco seriamente uma infecção com o vírus do Ironman...
Fiquei muito satisfeito com o resultado desportivo e com o excelente fim-de-semana passado em Desaru (a um ferry + 80 km pedaláveis desde casa)! No espírito relaxado da prova, não registei os tempos na prova e só soube o meu tempo e classificação final duas semanas depois (não havia chip para registo automático dos tempos). Fiz:
. 38'35" na natação (13º melhor tempo)
. 3h11'11" no ciclismo, incluindo transições (247º tempo). Ia com uma média de uns 30 km/h, mas tive um furo a 20 km do final e devo ter perdido 10 a 15' na troca de câmara de ar (eu sei, tenho de praticar mais...)
. 1h26'06" na corrida (3º melhor tempo, que me levou do 181º para o 47º lugar final!). Ao contrário do meu costume de passar a todo o gás, parei em cada um dos postos de abastecimento de água, para aí a cada 2 km, onde tentava arrefecer o corpo o máximo possível despejando água - felizmente bem fresca - na cabeça e pelas goelas abaixo. O efeito era espectacular... durante 2 ou 3 minutos sentia-me muito melhor!
Tempo final: 5h15'52" (resultados completos aqui).
O maior acontecimento do fim-de-semana foi certamente a Sílvia ter feito o seu primeiro triatlo!!
Clicar na foto para ver a reportagem fotográfica da Sílvia, incluindo fotos dos companheiros Banana Pratas:
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