domingo, 22 de março de 2009

O pior emprego do mundo

O Turismo de Queensland, na Austrália, lançou uma inteligente campanha publicitária ao "Melhor Emprego do Mundo": cuidador das ilhas na Grande Barreira de Coral. Soa realmente a vida muito dura. E o processo de recrutamento tem produzido toneladas de visibilidade mediática para a região, provavelmente a um custo relativamente baixo.





Talvez este não seja o "melhor emprego do mundo", mas não parece nada mau (a não ser para quem não goste de água, praia, sol ou meios de comunicação como blogs, vídeos, etc.).

E qual será o pior emprego do mundo?

Um emprego mau torna hercúleo o esforço de levantar da cama de manhã. Um emprego mau deixa-me mal humorado, triste, até deprimido. Um emprego mau pode chegar ao ponto de produzir dores físicas: de cabeça, olhos, costas, barriga... Passo as horas de trabalho em sofrimento, ansiando pela hora de saída, pelo fim-de-semana ou pelas férias que nunca mais chegam. E, nos casos mais sérios de empreguite aguda, passo até as horas livres, o fim-de-semana ou as férias que finalmente chegaram em sofrimento só de pensar no regresso ao trabalho. Parece bastante mau, não? Mas há algo de positivo num emprego mau: é impossível não reparar nele. Por isso é bastante improvável que me tente conformar, que me acomode. A não ser que seja masoquista ou me queira converter em mártir, mais cedo ou mais tarde desistirei do emprego mau e procurarei um caminho melhor.

Ao contrário do que possa parecer à primeira vista, o pior emprego do mundo não é um emprego mau, mas sim um emprego "mais ou menos", um emprego médio!

Um emprego médio não me preenche, não me realiza, mas também não incomoda muito. Um emprego médio vai dando para pagar as contas, enquanto permite "desligar o cérebro" durante as horas de trabalho. Deixa-me andar distraído no dia-a-dia, pôr a vida entre parêntesis 8, 10 ou mais horas por dia, ou durante os dias (in)úteis da semana, ou mesmo nos 11 meses entre as férias anuais. Um emprego médio não é bom o suficiente para dar sentido à vida mas também não é mau o suficiente para lho tirar. Um emprego médio deixa-me passivo, amorfo, anestesiado. É como passar o dia a ver televisão. Pode até ser divertido, uma distracção agradável. Só os mais atentos notam o travo a vazio, o sentimento ténue de que estamos a passar ao lado da vida. Por isso vamos ficando e ficando e ficando. Até sermos despedidos, reformados ou mortos.

Como empregas a tua vida? Já descobriste o teu melhor emprego do mundo?

Como canta a sempre sábia Mafalda, às vezes "é preciso morrer e nascer de novo, semear no pó e voltar a colher (...) E a vida não é existir sem mais nada. A vida não é dia sim, dia não. É feita em cada entrega alucinada, p'ra receber daquilo que aumenta o coração."



Um comentário:

  1. eheheh.
    sábias palavras, as desta bulicena. subscrevo totalmente (mais) esta tua ideia genial.

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