Singapura fez hoje 44 anos e continua a desenvolver-se forte e saudável! Provavelmente contra todos os prognósticos de quem viu esta pequena ilha (700 km2) tornar-se um país independente em 1965, como sugere o livro (que ainda tenho de ler) do primeiro primeiro-ministro Lee Kuan Yew (o "pai da nação"), Singapura passou em apenas uma geração do terceiro ao primeiro mundo. Provavelmente devido à minha miopia de só conseguir ver o mundo como ele é hoje, não conheço história semelhante em qualquer outro ponto do mundo ou do tempo.
Hoje em dia toda a gente em Singapura parece ter acesso a comida barata, casa, cuidados de saúde, instalações culturais e desportivas (espectaculares centros comunitários e complexos desportivos espalhados pela ilha), emprego (a taxa de desemprego explodiu dos habituais 2% para 3.3% devido à crise), segurança, paz. Tudo isto com impostos em geral baixos (mas ainda assim o povo reclama, claro), altos quando deve ser (automóveis, tabaco, álcool). Há certamente muita coisa a melhorar, nomeadamente o défice democrático (o People's Action Party tem dominado a história política do país, o que leva a receber com algum cinismo a menção sobre democracia no "compromisso nacional" abaixo) e o tratamento desumano dado a trabalhadores estrangeiros (como as empregadas domésticas).
Poderia ser ainda melhor (p.ex., anacionalista, para incluir também quem não é cidadão de Singapura), mas identifico-me bastante com o compromisso nacional de Singapura [como é que se traduz "pledge"?]:
"We, the citizens of Singapore
pledge ourselves as one united people,
regardless of race, language or religion,
to build a democratic society,
based on justice and equality,
so as to achieve happiness, prosperity and
progress for our nation."
Todos os anos o Dia Nacional é celebrado com uma parada monumental, digna da abertura de uns Jogos Olímpicos. Ainda não foi desta que assisti às cerimónias, mas foi inevitável ver parte dos ensaios nas semanas antecedentes, helicópteros e aviões militares a circularem activamente em volta da ilha. Aqui fica um vídeo com a canção oficial deste ano:
Muitos estrangeiros (e até alguns singapurenses) surpreendem-se quando digo que sou fã de Singapura: "O quê? Mas isto é tão 'sem sal'... uma Ásia sem sabor a Ásia... tão aborrecido..." Podem ter alguma razão (toda esta ordem pode por vezes sentir-se algo monótona), mas aqui há bastante sabor a Ásia e a tantos lugares e culturas. A não ser que se passe o tempo todo de restaurante em restaurante, de bar em bar, de shopping em shopping, de ar condicionado em ar condicionado. Há pedaços de Índia, de China, de Malásia, de "Ocidente". Comida de todo o lado - só pensando num foodcourt aqui perto: malaia, chinesa, indonésia, tailandesa, indiana, japonesa, coreana, "ocidental"... mais barata do que em casa. Pedaços de hinduísmo, islamismo, budismo, judaísmo, cristianismo de todas as cores, templos sortidos uns ao lado dos outros. Gente de todos os tons, tamanhos e feitios. Um arco-íris de humanidade. (Não admira que as canções oficiais do Dia Nacional tenham títulos como "We Are Singapore", "One People, One Nation, One Singapore", "Together", "One United People" - um pouco de propaganda pode ajudar a criar um espírito de unidade, de nação.)
Majulah Singapura!
Boas...
ResponderExcluirAcho que podes traduzir "Pledge" como "promessa", "juramento", "voto", "compromisso", "cometimento"...
Que achas da ideia de arranjar um porquinho mealheiro e colocar nele todos os dias as moedinhas que traga comigo, na tentativa de arranjar dinheiro para o bilhete de avião para conhecer essa tua Singapura?
Beijocas Rita
44 anos de uma senhora pequenina, mas disciplinada, em forma e cheia de dinheiro. Parabéns! : )
ResponderExcluirCurioso como as nações mais recentes exibem sempre maiores doses (publicas) de patriotismo. E estes estão armados até aos dentes: helicópteros anti-tanque para defender uma semi-ilha de 700 quilómetros quadrados?!