16 meses após o meu visto de trabalho na Índia ter caducado, depois de um período razoavelmente
nómada, dezenas de passagens em postos de imigração, especialmente nos
EUA e Singapura, volto a ser um imigrante legal! Obtive um
EntrePass – um visto de empreendedor, que me permite trabalhar em Singapura como director da empresa que abri há poucos meses.
Já não preciso de me preocupar com a possibilidade de me vedarem a entrada em Singapura e, ao preencher formulários de imigração, posso deixar de mentir dizendo que moro em Portugal (já que até agora não tinha visto para residir em outro país além do único que se digna a dar-me o livrinho ridiculamente valorizado que dá pelo nome de passaporte).
Felizmente as autoridades singapurenses não pediram para ver comprovativos dos meus
salários dos últimos 12 meses e aceitaram como comprovante de morada em Portugal a carta de condução (válida até 2041, portanto há-de continuar a salvar-me em situações semelhantes!). Mas fizeram-me assinar um papel
em que declaro não ter tuberculose nem sida e reconheço que terei de sair do país se contrair uma das doenças (poderia ser pior: poderiam querer privar-me de casar, ter filhos, trazer família, como acontece com as
empregadas domésticas). E o visto só é válido por um ano: imagino que a empresa tenha de apresentar resultados (e pagar impostos em Singapura!) para justificar a minha existência aqui.
As fronteiras são, claramente, um descomunal desperdício de recursos e humanidade: muros, arame farpado, postos fronteiriços, sistemas de vigilância, balcões de imigração, armas, polícias, militares, funcionários do governo civil e consulados, papéis, carimbos, filas de espera, ...
Consciente de que me
repito (e de que me voltarei a repetir): migração livre para todos, já!