segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A Era da Estupidez

Pode ser visto amanhã, 22 de Setembro, num cinema perto de si (Portugal, Brasil, outros).



Mais um "alarme" (científico, segundo o site do filme) sobre as mudanças climáticas e a contribuição humana para elas. Vi o trailer e fiquei a pensar quão horrível poderia ser um mundo cheio de refugiados, incluindo eu, sem casa, sem comida, sem ordem, sem tantas coisas que dou por garantidas, que nem sequer reparo que existem. É muito fácil ver cataclismos na TV ou na Internet e "ter pena" de quem sofre, quem sabe até enviar um donativo, ou voluntariar tempo para ajudar. Não deve ser tão fácil viver um cataclismo. Em 2055 eu posso muito bem ainda estar vivo, portanto até posso pensar em mudar alguma coisa em mim e no mundo nem que seja por puro e cego egoísmo. Talvez valha a pena pensar nisto? Ou melhor ainda: fazer alguma coisa? O quê?


The Age of Stupid Global Premiere Trailer from Age of Stupid on Vimeo.

sábado, 19 de setembro de 2009

Aulas de canto

Ni hao!

Comecei a fazer aulas de mandarim! Finalmente venci a inércia de enfrentar este pesado desafio, novamente graças ao Myngle e mais uma promoção Back to School: aulas diárias de 30 minutos (privadas, por skype) durante 30 dias por 95 Euros. Recomendo vivamente (e não ganho comissão)!



Era vergonhoso nem sequer tentar aprender a língua estando nesta região e num país em que grande parte da população é de origem chinesa e fala mandarim. Parte da inércia vinha do facto de ter amigos que estudam mandarim há bastante tempo e não parecem sentir-se à vontade para grandes conversas. Pensando bem, eu não tenho pressa... então há-de chegar o dia em que consiga falar mandarim com alguma fluência.

Por enquanto, as primeiras aulas parecem aulas de canto, já que passo o tempo a tentar acertar no tom certo para cada sílaba! E chinês continua a parecer-me... chinês.

sábado, 12 de setembro de 2009

Legal alien

16 meses após o meu visto de trabalho na Índia ter caducado, depois de um período razoavelmente nómada, dezenas de passagens em postos de imigração, especialmente nos EUA e Singapura, volto a ser um imigrante legal! Obtive um EntrePass – um visto de empreendedor, que me permite trabalhar em Singapura como director da empresa que abri há poucos meses.




Já não preciso de me preocupar com a possibilidade de me vedarem a entrada em Singapura e, ao preencher formulários de imigração, posso deixar de mentir dizendo que moro em Portugal (já que até agora não tinha visto para residir em outro país além do único que se digna a dar-me o livrinho ridiculamente valorizado que dá pelo nome de passaporte).

Felizmente as autoridades singapurenses não pediram para ver comprovativos dos meus salários dos últimos 12 meses e aceitaram como comprovante de morada em Portugal a carta de condução (válida até 2041, portanto há-de continuar a salvar-me em situações semelhantes!). Mas fizeram-me assinar um papel



em que declaro não ter tuberculose nem sida e reconheço que terei de sair do país se contrair uma das doenças (poderia ser pior: poderiam querer privar-me de casar, ter filhos, trazer família, como acontece com as empregadas domésticas). E o visto só é válido por um ano: imagino que a empresa tenha de apresentar resultados (e pagar impostos em Singapura!) para justificar a minha existência aqui.

As fronteiras são, claramente, um descomunal desperdício de recursos e humanidade: muros, arame farpado, postos fronteiriços, sistemas de vigilância, balcões de imigração, armas, polícias, militares, funcionários do governo civil e consulados, papéis, carimbos, filas de espera, ...

Consciente de que me repito (e de que me voltarei a repetir): migração livre para todos, já!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Direitos Não-humanos

Num quente fim de tarde em Maio, enquanto deambulava pelas ruas de Paris em busca de alojamento barato para uma noite, passei pela porta de um café onde estava afixado um cartaz parecido com este (mas em francês):



Fascinante! Ali estava um conceito deveras avançado! Muito à frente mesmo!! Claro que existe a protecção animal, ecologistas, etc., mas nunca tinha ouvido falar de alguém defender os direitos "não-humanos" sugerindo que eles merecem ser tratados com IGUALDADE!! O café estava fechado e o cartaz não continha mais informação. Assim que pude, claro que fui perguntar ao google o que seria aquilo. Talvez um grupo com quem pudesse partilhar ideias anantropocêntricas?

Rapidamente me desiludi ao descobrir que era parte da estratégia de marketing viral de um novo filme: District 9. Mas não pude deixar de achar inteligente e despertadora de curiosidade a forma como tinham sido produzidos sites razoavelmente realistas para a empresa privada MNU em destaque no filme, para um blog de extraterrestres a favor da igualdade de direitos, um site com ar antiquado com referências a extraterrestres...

Encontrei o trailer do filme, que me deu uma ideia do enredo:



Não vi o filme. Mas provavelmente apreciaria, porque facilmente gosto de mundos de ficção científica que despoletam a minha imaginação, especialmente se estimularem a introspecção, se incluírem alguma autocrítica ou crítica social.

Fiquei a pensar qual seria afinal o tema do filme. Discriminação? Os extraterrestres seriam talvez uma metáfora não tão subtil para povos e seres refugiados, oprimidos, subjugados? Será que o Distrito 9 é muito diferente da Faixa de Gaza? Ou dos múltiplos campos de refugiados à volta do mundo - gente em fuga de conflitos genocidas, inocentes prisioneiros em países vizinhos, não aceites pelos locais, privados de liberdade de movimentos, de contacto com familiares, de trabalho? Ou, mais profundamente ainda, como aquele cartaz no café parisino tinha sugerido, os extraterrestres representam os seres vivos com quem partilhamos o planeta e a quem não respeitamos demasiado.

O que nós, humanidade, merecíamos era mesmo que aparecessem por cá uns extraterrestres super-avançados. O suficiente para nos ignorarem e nos tratarem, com toda a justiça, como nós tratamos os outros seres. Mas não tão avançados que nos tratassem com respeito e quem sabe até igualdade.