sábado, 12 de setembro de 2009

Legal alien

16 meses após o meu visto de trabalho na Índia ter caducado, depois de um período razoavelmente nómada, dezenas de passagens em postos de imigração, especialmente nos EUA e Singapura, volto a ser um imigrante legal! Obtive um EntrePass – um visto de empreendedor, que me permite trabalhar em Singapura como director da empresa que abri há poucos meses.




Já não preciso de me preocupar com a possibilidade de me vedarem a entrada em Singapura e, ao preencher formulários de imigração, posso deixar de mentir dizendo que moro em Portugal (já que até agora não tinha visto para residir em outro país além do único que se digna a dar-me o livrinho ridiculamente valorizado que dá pelo nome de passaporte).

Felizmente as autoridades singapurenses não pediram para ver comprovativos dos meus salários dos últimos 12 meses e aceitaram como comprovante de morada em Portugal a carta de condução (válida até 2041, portanto há-de continuar a salvar-me em situações semelhantes!). Mas fizeram-me assinar um papel



em que declaro não ter tuberculose nem sida e reconheço que terei de sair do país se contrair uma das doenças (poderia ser pior: poderiam querer privar-me de casar, ter filhos, trazer família, como acontece com as empregadas domésticas). E o visto só é válido por um ano: imagino que a empresa tenha de apresentar resultados (e pagar impostos em Singapura!) para justificar a minha existência aqui.

As fronteiras são, claramente, um descomunal desperdício de recursos e humanidade: muros, arame farpado, postos fronteiriços, sistemas de vigilância, balcões de imigração, armas, polícias, militares, funcionários do governo civil e consulados, papéis, carimbos, filas de espera, ...

Consciente de que me repito (e de que me voltarei a repetir): migração livre para todos, já!

2 comentários:

  1. Olá Delicado,
    consciente de que já terás pensado no assunto pergunto-te: falas num desejo utópico de futuro, ou achas que haveria condições para fazê-lo agora (ie, nos próximos 10 anos) ? Há quem diga que o mundo está a "achatar", mas por enquanto ainda há desníveis demasiado grandes para que isso fosse possível pacificamente... ou não achas?
    Abraço,
    Luís Afonso

    ResponderExcluir
  2. Falando de fronteiras, agora que muitos colegas meus são estrangeiros apecebo-me de algumas das dificuldades de um não europeu a trabalhar e Portugal. Por exemplo uma colega minha que acabou de chegar tem visto para trabalhar em Portugal, mas ainda não tem cartão de residência. Estranhamente, este tipo de visto permite-lhe deslocar-se dentro do espaço schengen, mas não de avião, o que significa que para ir a uma conferência em Madrid terá de ir de comboio. Parece que na Europa já só há fronteiras nos aeroportos...

    ResponderExcluir