quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Apetite indiano

Os indianos (pelo menos os meus colegas) adoram comer! É impressionante. Aqui o custo de não almoçar é muito maior do que no Brasil ou em Portugal. Em dias de prazos mais apertados no trabalho não tenho problemas em não almoçar (ups, a minha mãe não leu isto!), mas isso aqui vale logo uma greve geral de consultores contra a escravatura.

Todos os dias há alguma comida especial a meio do dia: um bolo de aniversário, umas chamussas, uns doces... Durante o Diwali os doces foram especialmente frequentes. Não é difícil descobrir quando chegou comida: basta notar o fluxo intenso de pessoal de todos os pontos do escritório, convergindo na copa. E quem se atrasa 1 minuto já sabe que é muito pouco provável que ainda sobre alguma coisa. Só quando observei este fenómeno é que percebi o sucesso estrondoso dos Pastéis de Belém que trouxe para o pessoal no meu primeiro dia! (um americano até me perguntou “como é que sabias que eles adoram doces??”)

É permitido comer na área de trabalho... e no entanto o escritório está imaculadamente limpo! A explicação para a limpeza é provavelmente a mão de obra barata: de vez em quando lá está um rapaz de cócoras a varrer umas migalhas do chão.

A copa do escritório condiz com o apetite voraz do pessoal: é enorme. Há quem tome o pequeno-almoço no escritório: cereais, leite, torradas... Muita gente almoça diariamente na copa, mandando vir um thali de fora ou trazendo comida de casa. À tarde o pessoal entretém o estômago com algumas chamussas ou doces que alguém traz, com umas torradas com doce, manteiga, queijo, ou ketchup (sim, torradas com ketchup!), umas bolachas ou uns cereais.

Além de comida, a copa conta ainda com uma outra ferramenta motivacional poderosíssima: uma mesa de matraquilhos! Todas as tardes, por volta das cinco horas, verifica-se um novo fenómeno de migração de consultores para a copa, desta vez para disputar emocionantes jogos de matrecos. Obviamente, os melhores jogadores são os empregados que ficam na copa todo o dia (todos homens) e que devem ter milhares de horas acumuladas de treino.



Matraquilhos, escritório

Um comentário:

  1. Nos tempos em que eu andava no Noviciado ficaram famosas, entre os meus companheiros noviços, as Bulinovas em que tu traçaste "uma linha perpendicular em relação ao eixo da via" e te colocaste em posição privilegiada para contar os veículos motorizados e não motorizados que passavam em determinada avenida de Díli no tempo de um quarto de hora!

    Entretanto muitas outras coisas tão interessantes quanto essa deves ter feito por aí, algures no planeta.

    Finalmente temos um... pronto, vá... não é um substituto!... um sucedâneo?... uma cena que vem preencher um vazio óbvio que havia até agora e que era o de partilhares as tuas viagens interiores e exteriores, aventuras, reflexões, cogitações em relação à vida e ao mundo.

    Obrigado por te dares ao trabalho de escrever (mesmo que não tenhas tempo para ler os comentários não importa). Deste lado já há o gozo de quem tira proveito dos teus relatos.

    Abraço!

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