terça-feira, 22 de novembro de 2011

domingo, 25 de setembro de 2011

Babel cristã

Corrida de reconhecimento à volta do hotel isolado onde estou, perto de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, Brasil.

Decidi literalmente perder-me nas subidas e descidas aqui em volta (parece que "plano" é conceito desconhecido por estas bandas - passei por várias ruas com inclinação próxima de 45 graus, sem exagero). Corri numa determinada direcção mas fui obrigado a fazer curvas aqui e ali, sabendo que seria bem difícil fazer o mesmo caminho de volta. Mas o hotel está ao lado do Carrefour e Makro, por isso seria sempre fácil perguntar a alguém na rua - obrigado à meia dúzia de pessoas que me ajudaram a voltar!

70 minutos de corrida, uns 15 km, por bairros de uma aparente classe média-baixa, acredito que razoavelmente representativa de grande parte da população brasileira.

Singapura é o país que conheço onde se encontra a maior variedade possível de templos e igrejas das várias religiões e afins: templos hindus, templos budistas, templos chineses, igrejas católicas, protestantes, anglicanas, mesquitas, sinagogas...

Já me tinha esquecido de como no Brasil se encontra a maior variedade possível de igrejas e templos cristãos e afins. Nesta corrida passei por dezenas de igrejas, capelas, templos, garagens, espaços mais permanentes ou mais improvisados de todo o tipo, minúsculos, pequenos e médios, quase vazios ou a transbordar, tipicamente em alegres cantorias, ou escutando as palavras do padre, pastor, bispo, etc.

Num dos locais (Igreja Maranata), 4 ou 5 pessoas escutavam o sermão virados para uma espécie de altar... vazio. A voz era de um pastor projectado na parede, gravado ou transmitido em directo de algum outro templo. Inovadora solução para o problema da falta de vocações!! (João, vê lá o que é que o pessoal acha aí no Vaticano :) )

Das que recordo, passei à frente de templos e afins das seguintes igrejas (ou outras com nomes parecidos):
Igreja Católica
Igreja Universal do Reino de Deus
Igreja Pentecostal Deus é Amor
Igreja Cristã Evangélica do Brasil
Igreja Cristã Maranata
Igreja Metodista Wesleyana
entre outras!

Que seja tudo para maior glória de Deus e para felicidade e salvação da humanidade!

sábado, 24 de setembro de 2011

Regresso ao Brasil

Emocionante voltar ao Brasil depois de 4 anos! (faria 4 anos daqui a 3 dias)

Aterrar em Guarulhos e começar a ver paisagens familiares lá de cima - a auto-est... ahn... rodovia para a cidade, as favelas próximas do aeroporto... Atravessar o aeroporto que está na mesma, em passo acelerado para poupar tempo na emigração de sempre, onde o funcionário me fez lembrar que era a primeira vez que entrava desde que deixei de ter visto de residente. Passar pela alfândega pelo canal de "Declarante" (com a vantagem de furar a enorme fila de "Nada a declarar") e perceber que estava realmente no Brasil: o funcionário mandou-me seguir (sem pagar imposto pelo computador que trazia) e disse baixinho para a colega "Só o trabalho que ia dar cobrar o imposto..." À saída, recordar as tantas vezes que ali cheguei, vindo de projectos no México, El Salvador, Dubai, Chile, Milão, Lisboa... Ver as cafetarias de esquina e recordar o pão de batata para matar a fome antes de um voo longo. Ir ao ATM do Itaú e verificar que o meu cartão mágico ainda funciona e ainda saem reais da minha conta. Ver os táxis e recordar as sestas até à cidade... ou as gordas dos jornais, cada vez com um novo escândalo de corrupção.

O check-in para o voo seguinte, para Belo Horizonte, voltou a dizer-me "Bem-vindo ao Brasil!" Habituado a chegar ao aeroporto de Singapura sempre em cima da hora e a fazer o check-in em 5min, desta vez tive 1 hora de bich... ahn... fila. Fui atendido quando faltavam 30min para o voo partir. Sem stress: o voo atrasou 40min.

Vá lá, a fila de controlo de segurança estava curta. Lembrei-me das vezes que ali passei quando já só faltavam 20min para o voo partir e corri até ao portão de embarque onde já me chamavam para fechar o voo.

Fascinante como tanta coisa pode estar "gravada" em nós, associada a lugares, imagens, cheiros... Avalanches de memórias vindas sei lá de onde que me deixaram com um sorriso feliz (provavelmente um sorriso parvo para quem me visse). E tudo isto antes de ver qualquer um dos imensos amigos que vou reencontrar nas próximas 2 semanas!

Um pouco como voltar a casa?

domingo, 28 de agosto de 2011

Competição com compaixão



Campeonato do mundo de atletismo. Maratona feminina. A 15 minutos do final (4 kms e tal). Duas quenianas lideram (Kiplagat e Cherop), seguidas por uma terceira queniana (Jeptoo). A líder, Kiplagat, atravessa-se à frente de Cherop para apanhar uma garrafa de água no posto de abastecimento, e, por um ligeiro toque entre as duas, cai.

A reacção instintiva de Cherop, certamente não produto de uma ponderação racional naquela fracção de segundo, é parar e oferecer ajuda. E nos minutos seguintes, Cherop e Jeptoo, não atacam para dar tempo a Kiplagat de se recompor (e possivelmente porque não sobram muitas forças para um ataque). Pouco depois, Kiplagat ataca e acaba por ser a campeã do mundo, seguida de Jeptoo e depois Cherop.

Na conferência de imprensa, as três falam naturalmente do episódio, como amigas, sem qualquer sombra de dúvida sobre terem feito o que tinham de fazer. O que significa que certamente fizeram o que tinham de fazer.

Duvido que eu tivesse feito o mesmo. 2h13min de esforço pesado, a minutos de uma medalha, sonhando com o ouro... O meu amigo, favorito, tropeça em mim, arriscando deitar-me também ao chão, por se atravessar descuidadamente... Oportunidade para o ajudar, ou oportunidade para atacar e o deixar para trás?

Se racionalmente tenho dúvidas, suspeito que no calor do momento no mínimo continuaria inercialmente a correr ao mesmo ritmo.

Na minha visão competitiva do desporto, considerando fundamental cada atleta querer verdadeiramente vencer para que as competições façam sentido, não acho que Cherop e Jeptoo tivessem que ser tão solidárias, e até fico a pensar se não deveriam ser menos solidárias.

Mas não posso deixar de me interrogar. Há aqui uma mensagem, e parece uma mensagem bonita: de amizade, de solidariedade, de colaboração dentro da competição, gente (ao mais alto nível de um desporto super competitivo) que se importa, que não só não pensa em vencer a qualquer custo como tem uma noção de justiça competitiva com compaixão. Não sei qual é exactamente a mensagem, ou quais são as mensagens - para o atletismo, para outros desportos e para outras actividades humanas. Mas, já agora, vale a pena pensar nisto.

sábado, 27 de agosto de 2011

Tan...tos!

Hoje é dia de eleições presidenciais em Singapura.

Tendo em conta que o presidente aqui parece ter um papel ainda mais irrelevante que em Portugal, o que me parece mais interessante nestas eleições é (eu não vejo televisão, não ouço rádio e raramente leio jornais, portanto reconheço estar a fazer uma avaliação bem superficial):

. A reduzida duração (segundo a wikipedia, as primeiras actividades de campanha começaram a há 2 meses; eu só reparei em algum cartaz na rua há uns 10 dias, dia em que os candidatos foram oficialmente nomeados) e visibilidade da campanha eleitoral (cada candidato tem de respeitar um máximo de despesas de campanha de 600 mil dólares de Singapura - cerca de 350 mil Euros)

. A marcação das eleições com pouquíssima antecedência: há 24 dias (algo semelhante tinha acontecido nas legislativas de 7 de Maio, cuja data foi marcada 18 dias antes, com direito a 9-nove-9 intensos dias de campanha!)

. Ser apenas a quarta eleição para presidente (a figura só existe desde 1993, apesar de o país existir desde 1965)

. A minha certeza absoluta de que, entre quatro candidatos, o Sr. Tan vai ser o vencedor e presidente de Singapura a partir já de quinta-feira!


Mas será Tony Tan?


Tan Jee Say?


Tan Cheng Bock?


Ou Tan Kin Lian? (de quem não encontrei nenhum cartaz na rua hoje)


Nota: "Tan" é um dos apelidos mais comuns entre os singapurenses de origem chinesa (e os chineses colocam o apelido antes dos nomes próprios). Semelhante a os candidatos às presidenciais em Portugal ou no Brasil serem todos "Silva". Para já, o presidente português é "Silva" desde 2006 e será até 2016 (se o país durar até lá); e o brasileiro foi "Silva" de 2003 a 2010.

domingo, 21 de agosto de 2011

Añorando Latinoamérica

Casi 4 años sin pasar por Latinoamérica y la estoy añorando! Iré a la parte luso-hablante en septiembre, pero a ver si encuentro excusas para pasar también por partes hispano-hablantes en algún momento!

Aquí dejo dos canciones añorantes sobre sueños y esperanzas y tomar las riendas del destino:


(o aquí la versión en inglés en el cierre de los Juegos Olímpicos de Atlanta'1996; no tan añorante, pero con la ventaja de la poderosa voz de Gloria Estefan todo el tiempo)



sábado, 20 de agosto de 2011

Resultados finais: Onde está o Buli?

Uff! Chegámos ao fim do primeiro Desafio "Onde está o Buli?" (mas não ao fim da volta do mundo em 80 anos - ainda não estou assim tão velho :) )

E os grandes vencedores são...

...

tchan tchan tchan tchan...

...

todos os que se divertiram com o Desafio nos últimos 4 meses, a começar por mim!

Obrigado a todos os que participaram, e aos que não participaram oficialmente mas acompanharam algumas destas viagens, tiraram fotos, comentaram por e-mail ou ao vivo, trocaram boas energias...

Para os mais ansiosos por resultados mais numéricos, aqui vai o gráfico actualizado com os últimos resultados:



Caso alguém encontre algum erro nos resultados, são aceites reclamações nas próximas duas semanas. Peço novamente desculpas por erros técnicos que parecem ter perdido alguns palpites e peço desculpa se em algum caso tiver sido erro meu ao processar as mensagens que recebi.

Os primeiros três classificados foram:
1. Miguel
2. Patrícia
3. Teresa

Ganharam os prometidos magníficos prémios:
1º lugar: Postais do Buli por 1 ano + máquina fotográfica Samsung ES70
2º lugar: Postais do Buli por 1 ano + relógio Timex Ironman 30-lap
3º lugar: Postais do Buli por 1 ano

Parabéns!

Os mais analíticos (como eu :) ) podem gostar de analisar as classificações ao longo das 15 fotos, no gráfico seguinte, que, para ser legível, só inclui os 10 primeiros classificados:



O Miguel dominou logo desde o início, só acompanhado pela Teresa nas primeiras 4 fotos. A Patrícia começou no pelotão perseguidor mas a sua precisão constante levou a ultrapassar a Teresa na 8a foto e não mais abandonar o 2º lugar (a certa altura até pareceu uma ameaça ao Miguel). A Ana teve um arranque lento mas a partir da foto 6 começou o seu ataque ao pódio - se a precisão nas 2 últimas fotos tivesse sido a habitual a Teresa teria tido muito trabalho para manter o 3º lugar! A recuperação mais impressionante foi a do Feijohnny: só soube do Desafio na foto 7, não participou na 8, e depois foi por ali acima a ultrapassar toda a gente, sistematicamente com as localizações mais precisas - se não fosse eu não o ver para aí há uns 10 anos(??) suspeitaria que ele tinha colocado um chip em mim!

Nunca pensei que pudesse ser um Desafio tão emocionante! :)

Agradecimentos especiais aos fotógrafos:
15. Wat Chedi Luang, Chiang Mai - Sílvia
14. Souq Waqif, Doha - Michel
13. Barragem de Lucefecit, Terena, Alto Alentejo - Ritinha
12. Escola Prática de Artilharia, Vendas Novas - Bessa
4. Porta da Cidade Proibida, Tiananmen, Pequim - Turista chinesa
2. Pulai Desaru Beach Hotel, Desaru - Sílvia
(as restantes, caso não fosse óbvio, foram tiradas pelo Buli)


E agora? Haverá vida depois deste Desafio?? As viagens continuarão certamente. Vamos ver se resisto ou não a continuar a colocar desafios. Estou a pensar propor nos próximos meses um desafio vintage: "Onde estava o Buli?", em que as fotos sejam antigas. Que tal? Quem tiver fotos antigas em que eu apareça fique à vontade para enviar!

sábado, 6 de agosto de 2011

Wat Chedi Luang, Chiang Mai

Desafio fechado! Resultados finais a publicar em breve!! Parabéns a todos!!

sábado, 30 de julho de 2011

Defesa ou Ataque?

Quando recebo certos e-mails não solicitados da DECO fico a interrogar-me se são spam de:
a) alguém a fazer-se passar pela DECO
b) da própria DECO, que afinal não significa "DEfesa do COnsumidor" mas talvez "DEcepção do COnsumidor"?

Já há uns tempos tinha recebido promessas de receber determinados prémios caso assinasse, totalmente grátis por 2 meses (depois passando a pagar uma mensalidade, mas podendo cancelar a assinatura), a revista PRO TESTE da DECO. Nem me lembro do que eram, mas talvez uma máquina de café e/ou uma câmara fotográfica. Decidi assinar para experimentar a ver se era mesmo verdade (e claro que cancelei a assinatura antes que me cobrassem alguma coisa). Que eu saiba nunca chegou a casa dos meus pais nenhuma revista nem prémio fantástico.

Recebi um novo e-mail cheio de promessas e decidi tentar de novo. Se alguém quiser ganhar uma magnífica câmara de filmar totalmente grátis, clique na imagem abaixo. E depois digam-me se receberam alguma coisa, ou se a DEfesa do COnsumidor passou mas é ao Ataque.


terça-feira, 19 de julho de 2011

Souq Waqif, Doha

Desafio fechado para esta foto!

A foto foi tirada mais ou menos aqui, no fascinante Souq Waqif: moderno, mas com aspecto, sons e cheiros de "genuíno". O meu sentido do olfacto foi particularmente estimulado pelas omnipresentes queimas de incensos. Exótico e agradável para quem acaba de chegar e ainda nem tem 1 hora de experiência no Qatar; vulgar e fonte de dores de cabeça para o meu amigo imigrado local, que há 2 anos atura cheiros intensos o dia todo no escritório.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Ranking actualizado!

A 1 ou 2 fotos do final, aqui vai o ranking actualizado! Miguel (106 pts) continua na liderança, com Patrícia (99 pts) no encalço. O terceiro lugar da Teresa (88 pts) está perigosamente ameaçado pela Ana (83 pts)! Não se distraiam nesta recta final! Entretanto, o Feijohnny entrou atrasado mas subiu, fulgurante, até ao 7. lugar!




Se alguém estiver surpreendido com a sua pontuação (ou falta dela), ou tiver alguma dúvida, sugestão ou reclamação, por favor escreva para bulicenas@gmail.com (pode ser que me tenha passado algum e-mail ou comentário).

domingo, 10 de julho de 2011

Barragem de Lucefecit, Terena, Alto Alentejo

Desafio fechado para esta foto!



Minutos antes de começar o excelente Triatlo de Vila Viçosa! (resultados aqui)

O prazer de deslizar na calma, fresca e limpa (parecia!) água da barragem. Percurso de ciclismo entre sobreiros, eucaliptos, vilas (com frequentes "bom dia!" trocados com o pessoal que vinha até à porta de casa ver aqueles malucos a passar) e explorações de mármore da região. Muitos triatletas passavam por mim (fiz o antepenúltimo pior tempo!) e reparavam na minha ineficiente bicicleta de montanha com simpáticas palavras de incentivo: "Isso assim é que é de homem!" ou "Até tem descanso!" (e eu: "E campaínha!" Trrrim trrrimm! :) ). Até é melhor ir com uma bicicleta claramente ineficiente: não sou "obrigado" a fazer um bom tempo e ainda sou alvo de admiração e apoio de outros atletas! Percurso de corrida com uma subida algo sádica (ou masoquista? ninguém me obrigou a inscrever-me!) e bastante calor, mas a adaptação ao clima quente e húmido de Singapura pareceu ajudar a conseguir correr bem, mesmo com pouquíssimo treino nos últimos meses.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Escola Prática de Artilharia, Vendas Novas

Desafio fechado para esta foto!

Mais uma paragem na maratona cicloturista entre Miraflores e Esperança! 205 km... entre as 6h e as 20h45, com a ajuda do barco entre Cais do Sodré e Montijo.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

sábado, 25 de junho de 2011

Luna Park, Sydney

Desafio fechado para esta foto!

terça-feira, 21 de junho de 2011

INSEAD Asia Campus

Desafio fechado para esta foto!

domingo, 19 de junho de 2011

Stop it!!

CUIDADO! Este vídeo pode ter efeitos radicais! Não o vejas se não estiveres pronto a tomar as rédeas sobre a tua vida!




É o que tecnicamente se chama um chapadão nas fuças.

Quando vi este vídeo pela primeira vez há uns dias (obrigado, Zé!) achei engraçado... e logo comecei a perceber também quão poderosa é a mensagem! E quanto mais penso nela, mais poderosamente fantástica (ou fantasticamente poderosa?) me parece:

Deixa-te de tretas, Nuno! Pára com isso! Pára de fazer as coisas que achas que não deverias fazer! Pára de não fazer as coisas que achas que deverias fazer! Acaba já com comportamentos indesejados! Acaba já com... (não, não vamos por aí...) o quer que seja que te limita!

Não tens capacidades? Desenvolve-as!
Não tens acesso a determinados recursos? Arranja-os!
Não conheces as pessoas certas? Apresenta-te!
As coisas simplesmente não acontecem? Fá-las acontecer!
Não tens sorte? Trabalha para a teres!
Não acreditas em ti? Acredita!
Não és X Y Z? Sê!

Toma conta da tua vida! Toma as rédeas e leva-a para onde queres! Queres viver a vida ou ser vivido por ela? Não venhas com tretas, desculpas, razões, explicações e outros sinónimos. Vais ao volante ou vais (já morto) no lugar do morto? Assume a responsabilidade por tudo o que fazes e não fazes e vive como queres viver. Não como o mundo, o governo, o chefe, a família, os amigos, os outros, "eles"... querem que vivas.

PÁÁÁÁÁRAAAAAAAAAA!!

Ou, talvez mais positivamente: FORÇA AÍ, BUTES NESSA!!

sábado, 18 de junho de 2011

Ranking actualizado do desafio!

Temos bastantes alterações no ranking desde a última actualização! A Teresa não participou no desafio #8 e foi passada pela Patrícia! Entretanto, a Ana acertou na muche nas últimas três fotos e está lançada a caminho do pódio!! (Seguida de perto pelo João, que por ter acesso a informações privilegiadas não tem direito a prémios) Logo a seguir, Gugu, Cati e Ritinha estão coladas com praticamente os mesmos pontos!

Boas-vindas aos novos participantes: Feijohnny, com uma entrada fulgurante, tão preciso que mereceu 11 pontos na foto da Ópera de Sydney, Rodrigo e Gil. Basta participarem nas próximas fotos para ultrapassarem alguns concorrentes menos activos!

Faltam ainda algumas fotos... portanto não se distraiam! Força aí! Boas viagens!



Se alguém estiver surpreendido com a sua pontuação (ou falta dela), ou tiver alguma dúvida, sugestão ou reclamação, por favor escreva para bulicenas@gmail.com (pode ser que me tenha passado algum e-mail ou comentário).

domingo, 5 de junho de 2011

terça-feira, 24 de maio de 2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011

Micmacs



Divertido, triste, emocionante, pertinente. Só Jeunet (o do Delicatessen e da Amélie) poderia tão brilhantemente abordar o asqueroso negócio da produção e venda de armas.

Também gostaria de acabar com esse negócio. Alguém me quer ajudar?




Nota: Vi hoje, em Singapura. Será que ajuda ou confunde os participantes no desafio Onde está o Buli? :)

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Terminal 1, aeroporto de Hong Kong

Desafio fechado para esta foto!

Resultados parciais do desafio!

A competição está emocionante! Teresa e Miguel lideram destacados, enquanto um enorme pelotão os persegue no 3. lugar! Não percam a oportunidade de ganhar mais pontos no mais recente desafio!



Se alguém estiver surpreendido com a sua pontuação (ou falta dela), ou tiver alguma dúvida, sugestão ou reclamação, por favor escreva para bulicenas@gmail.com (pode ser que me tenha passado algum e-mail ou comentário).

Notem que quando alguém diz, por exemplo, "Tailândia" e a foto é na Malásia, eu considero que a pessoa acertou no continente (Ásia, neste exemplo).

Se alguém não souber qual é o seu nome na lista, avise para eu esclarecer, mas penso que deve ser bastante claro pelo menos para o próprio.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

sábado, 23 de abril de 2011

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Catedral de S. Basílio, Moscovo

Desafio fechado para esta foto!

Desafio: Onde está o Buli?

Objectivo: Estimular os neurónios viajantes e acumular o máximo de pontos

Como se acumulam pontos: Adivinhando onde está o Buli, de acordo com as fotos aqui publicadas nas próximas semanas. Quanto mais precisa for a resposta, maior o número de pontos:


Duração: Provavemente até 30/Jun/2011 (sujeito a alteração totalmente arbitrária pela organização)

Prémios
1º lugar: Postais do Buli garantidos por 1 ano + máquina fotográfica (básica!)
2º lugar: Postais do Buli garantidos por 1 ano + relógio Timex Ironman
3º lugar: Postais do Buli garantidos por 1 ano

Regras e notas adicionais
- Salvo aviso em contrário, a data de publicação aqui nas bulicenas corresponde à data em que a foto foi tirada
- São contabilizadas para o desafio as respostas dadas nos primeiros 10 dias após a publicação de cada foto
- As respostas aos desafios são dadas nos comentários da respectiva bulicena. Para evitar que os primeiros a responder se sintam injustamente copiados por quem responder depois, vou deixar os comentários moderados, sem serem publicados nos primeiros 10 dias após a publicação de cada foto
- Progenitores e irmãos não são considerados para prémios visto terem acesso a informação privilegiada (e já receberem postais de todo o lado!), mas podem participar e terão os seus pontos contabilizados
- Qualquer situação imprevista será decidida pela organização
- Este desafio não foi registado em qualquer governo, civil, militar ou outro


domingo, 27 de fevereiro de 2011

Maratona de Tóquio

Resultados:
. Nuno 2h56m38s
. Silvia 5h14m27s

Fotos (reparem nas expressões bastante diferentes entre nós! :) ):
. Sílvia
. Nuno
(se for preciso uma password de acesso, experimentem os 4 dígitos do ano em que estamos...)

Estamos (razoavelmente) inteiros e felizes! Obrigado a todos pelo apoio!!

Este gráfico ilustra quão penosa foi a minha prova, especialmente a partir da meia-maratona, em que cada km era um pouco mais lento...


domingo, 20 de fevereiro de 2011

Ganbatteeeeee!!!

No início de Outubro, após o triatlo longo de Desaru, fiquei a pensar qual seria o próximo desafio desportivo... Outro triatlo? Uma meia-maratona? O Troféu Marquês do Funchal de pentatlo...?

No dia 15 de Outubro recebi um e-mail que decidiu por mim:

Assunto: TOKYO MARATHON 2011, Result of lottery ID No: 3032-000

Pensei "Ok, é o e-mail a avisar que não ganhei um lugar na maratona de Tóquio..." Tinha me inscrito na lotaria da maratona em Agosto, por sugestão da Joana (companheira de aventuras na meia-maratona de Hong Kong há um ano), mas sabia que todos os anos se inscrevem mais de 300.000 pessoas e só 10% conseguem participar.

Ainda assim, abri o e-mail com uma certa ansiedade e... as expectativas não se confirmaram!

Congratulations!
You have been selected to run the 2011 Tokyo Marathon.


IUUUUUUHHHHUUUUUUUUUUUUUUU!!! A descarga eléctrica pela espinha dispensou qualquer raciocínio: estava claríssimo que iria correr a maratona de Tóquio no dia 27 de Fevereiro de 2011! Bora lá!


Condições perfeitas

Ainda por cima, ao investigar um pouco mais observei que estavam reunidas condições perfeitas para melhorar o meu recorde de Nova Iorque'2008 (2h57'51")!
. faltavam 4 meses e pouco - ideal para uma excelente preparação (nem de mais, nem de menos)
. naquele momento eu estava em boa forma física e sem lesões, depois de uns meses de bons treinos de ciclismo (para o triatlo de Desaru), mas também corrida (tinha corrido uma meia-maratona em Singapura em Setembro, com terrível calor e humidade, em 1h27') e natação
. em Fevereiro faz frio em Tóquio (na edição de 2010 fez talvez demasiado frio), excelente para tempos rápidos
. o percurso é bastante plano, inclusive a descer na primeira metade, só com um par de pontes que não parecem muito altas nos últimos kms (ver percurso e elevação aqui, ou então no Google Earth)
. participam mais de 30.000 atletas, garantindo companhia e animação em todo o percurso
. os japoneses são loucos por maratonas e todos os anos mais de um milhão de pessoas saem às ruas para apoiar os loucos maratonistas, faça chuva, frio, neve ou sol
. o percurso é bastante turístico, passando por vários marcos de Tóquio, o que pode ajudar a distrair-me do esforço de vez em quando

(Além destes factores todos, hoje pesei-me - algo que não fazia desde o Natal - e estou bastante leve: 62,5 kg.)

Ou seja, teria as fantásticas condições de Nova Iorque e ainda:
. iria treinar mais kms com mais intensidade
. a partir de uma base de forma física melhor do que a que tinha em 2008
. e o percurso seria mais plano (e talvez menos ventoso?)


Recorde pentatlético da maratona

Em 2009, 4 meses depois de eu baixar pela primeira vez das 3h na maratona, o André, colega pentatleta, correu a sua primeira maratona (Barcelona) em 2h44'17"... Recorde absoluto pentatlético português nos 42,195 km!! Ainda por cima, o André não era particularmente famoso como super corredor no pentatlo. Admirável resultado! Claro que fiquei curiosíssimo por saber como tinha sido a preparação.

Percebi que ele tinha seguido um plano de treinos bastante diferente do que eu costumo fazer antes de uma maratona:
. mais dias por semana: normalmente seis, descansando à segunda-feira
. mais kms: por volta dos 100 por semana, chegando a uns 120 nas semanas 3, 4 e 5 antes da maratona
. menos treinos longos: chegando a 30-32 kms apenas em cinco treinos
. todos os treinos mais longos: tipicamente 75' ou 90'
. correndo mais forte: praticamente todos os treinos tinham fartleks, com períodos a velocidade média/rápida intercalados por corrida a ritmo de cruzeiro

Tantas diferenças talvez explicassem o resultado espectacular em Barcelona! Decidi adoptar um plano bastante próximo do dele, ajustando as frequências cardíacas alvo (que definem a intensidade de cada parte do treino) para o que me pareceu adequado às minhas características individuais.

Obrigado, André, pela inspiração competitiva, e por todas as dicas! O teu admirável recorde não parece muito ameaçado... mas quem sabe? :)


Preparação

O plano de treinos, com mais kms e mais intenso que nunca, foi executado quase sem sobressaltos. Durante muitas semanas, o plano pareceu-me muito duro por deixar as pernas sempre bastante cansadas, a ponto de eu começar cada treino a pensar que não conseguiria cumprir as intensidades desejadas. Mas foi muito revelador verificar que sim, era possível cumprir todos os treinos razoavelmente.

Também reparei que o facto de não fazer treinos tão longos (32 kms ou mais) como em preparações anteriores evitava ficar todo roto e a precisar de vários dias para recuperar.

Em Dezembro decidi fazer a meia-maratona que faz parte dos eventos da maratona de Lisboa. Decidi aquecer durante quase uma hora, correndo de casa até Santos, onde arrancava a meia-maratona, para simular uma situação mais próxima da maratona. O objectivo era correr a meia-maratona a 4'/km (o ritmo alvo para Tóquio) e foi um sucesso: apesar de já levar uns 12 kms nas pernas quando parti (e 80 kms nessa semana), e de o tempo estar mais quente que esperado, consegui manter o ritmo, sem reduzir muito na subida da Almirante Reis entre o Martim Moniz e o Areeiro, e terminei em 1h23'54". Fantástico!!! A deixar óptimas perspectivas para os dois meses e meio de treinos pela frente.

Ainda em Portugal, corri no dia 26 de Dezembro a São Silvestre de Lisboa em 35'51", 4" menos que no ano passado. Um tempo bastante rápido, especialmente animador pensando que foi uma semana de alto volume (100 kms). Mesmo sabendo que não teria de correr tão rápido em Tóquio, foi animador ver que o aumento de quilometragem não me estava a deixar mais lento!

Ao longo do tempo foi ficando cada vez mais fácil encarar as tarefas fortes. Mas só nas últimas semanas deixei de ter a sensação de constante cansaço muscular. Espero que signifique que as pernas se vão manter poderosas até à meta!

A rápida gripe Oinc Oinc há 1 mês estragou uma semana de treinos (como se pode ver no gráfico abaixo, na semana 15), mas rapidamente voltei à acção. O pior foi que nos primeiros dias sentia as pernas muito pesadas e os ritmos eram desanimadoramente lentos. Mas ao quinto dia de regresso já me sentia de novo "normal" (se é que algum leitor concorda que alguma coisa nesta bulicena é normal). Foi a semana de maior volume da história buliana: uns 130 km.

Este gráfico dos kms de treino por semana para cada uma das minhas últimas cinco maratonas (não corri Hong Kong, mas treinei até 10 dias antes...) mostra como treinei mais do que nunca para Tóquio.



O trabalho de casa está feito. Agora é colher os resultados. Se gerir bem o esforço, me alimentar bem e..... serão os melhores de sempre!


Calções vermelhos?

Então e os calções vermelhos?? Vão ou não desfilar pelas ruas de Tóquio??

Eu sei que arrisco perder os poucos leitores que restam com tamanha desilusão mas... não. Os calções vermelhos não foram seleccionados para participar na maratona de Tóquio. Eles ainda existem e ainda funcionam (sei que alguns leitores discordam...), mas foram preteridos por duas razões práticas:
1. Os calções pretos e amarelos que usei em Nova Iorque e Dili têm um excelente bolso interior que permite levar três ou quatro embalagens de gel energético (evitando ter de ocupar as mãos com os mantimentos, o que em Tóquio, além de dificultar agarrar copos/garrafas nos postos de abastecimento, levaria a que as mãos mais rapidamente congelassem)
2. Os calções vermelhos ainda não se desintegraram totalmente mas o elástico está fraco e tendem a descair... e não queremos criar uma situação ainda mais indecente do que em Mumbai'2008, não é?


Objectivos

Como de costume, tenho uma lista de objectivos para o próximo domingo. Em ordem crescente de dificuldade:
1. Curtir!!! Curtir a festa do desporto, os outros corredores, incluindo a Sílvia e a Joana, o público, os voluntários, o frio, talvez a chuva e/ou a neve, a cidade, o esforço, o ritmo, as variações de energia, os arrepios pela espinha dorsal, a adrenalina, etc., etc. Talvez não tenha o privilégio de privar com o Haile Gebrselassie como com o Philimon Rotich em Dili'2010. Mas talvez seja mais fácil encontrar e interagir com o Joseph Tame e o seu espectacular iRun ("o estúdio de média social mais avançado do mundo").
2. Terminar a prova, roto mas em bom estado anímico (i.e., não num estado semelhante ao da minha primeira maratona)
3. Terminar em menos de 3 horas
4. Bater o meu recorde pessoal: 2h57'51"
5. Terminar em menos de 2h50'
6. Correr a uma média de 4'/km (2h48'47") ou melhor
7. Bater o recorde pentatlético português do André: 2h44'17"
8. Bater o recorde da Bain Brasil, de outro André: 2h43' (tenho de lhe perguntar qual é exactamente o recorde dele, mas tenho ideia de que era por aí)

Vou lançar a corrida no ritmo de 4'/km e espero mantê-lo bastante constante até ao final. Com base nos treinos que tenho feito (no calor de Singapura), parece-me bem desafiante mas possível. A limitação vai ser energética (vou disciplinadamente tomar um gel energético a cada 10 ou 12 km) e muscular. Em termos cardiovasculares espero que seja até relativamente fácil, como tem de ser.

Desta vez não apresento nenhuma tabela complicada com os tempos estimados porque os cálculos são muito simples. Se quiserem saber onde vou estar em cada momento, basta considerar que vou correr a 4 minutos por quilómetro (e todos os leitores sabem a tabuada do 4, certo?). Então, se a prova começar à hora programada (9:10 em Tóquio, 0:10 em Lisboa):
. Para saber em que km vou: km actual = (hora actual - 9:10) em minutos / 4
. Para saber a que horas vou passar em cada km: hora de passagem = 9:10 + km x 4'

Portanto considero à partida os objectivos 7 e 8, de bater os recordes dos Andrés, difíceis de alcançar. Se passar na meia-maratona no ritmo planeado (1h24') é difícil imaginar que me sinta tão bem que consiga correr a segunda metade em 1h20' ou menos. Mas quem sabe?

Claro, também pode acontecer muita coisa inesperada que torne os outros objectivos mais difíceis do que espero. Mas não estou a ver a vantagem de colocar essas possibilidades agora!


Primeira maratona da Sílvia!

Mesmo que eu bata o meu recorde, os recordes dos Andrés ou até ganhe a maratona, o mais impressionante desta vez é que a Sílvia vai correr a sua primeira maratona!!

Depois do sucesso do ano passado correndo a primeira meia-maratona em Hong Kong, ela decidiu aventurar-se no dobro da distância. Novamente com um plano de treinos minimalista, mas mais disciplinado que no ano passado, já com grandes sucessos sem ainda ter corrido a maratona: primeira vez a ir a correr para o trabalho, primeira vez a vir a correr do trabalho para casa, primeira corrida de mais de 3h, a ideia de que uma corrida de 1h é uma corrida curta... Excelentes resultados!! No próximo domingo o objectivo é curtir e completar a prova. Não importa o tempo final, mas acreditamos que será pelas 5h e tal.

Como diz a Sílvia, os meus feitos não inspiram ninguém, porque ninguém acha que eu seja normal. Esperamos que o feito dela, uma pessoa "normal" (adjectivo bastante questionável começando pelo facto de me aturar há demasiado tempo...), seja mais inspirador! Toca a correr, pessoal!!


Apoio à distância

Todos os comentários, mensagens, sms, e-mails, ondas telepáticas de elevadas energias positivas, antes, durante ou após a maratona são muito bem-vindos!! E quem quiser aparecer em Tóquio é também muitíssimo bem-vindo: avisem em que km tencionam estar, para vos tentarmos ver!

Parece que no site da maratona de Tóquio será possível, durante a prova, verificar os tempos de passagem dos atletas a cada 5 km. Acredito que a maioria dos leitores das bulicenas estará a dormir durante a corrida. Se alguém estiver num fuso horário mais compatível, ou a sofrer de uma forte insónia e sem nada melhor para fazer, visite o site da maratona e procure algo chamado "Race record newsflash" ou "Runner Update Service", e procure pelo meu nome ou número (22330), ou os da Sílvia (53935), para saber onde andamos.

Os links para este serviço no ano passado eram:
. Acesso por computador
. Acesso por telemóvel


Ganbateeeeee!!!

A uma semana da prova não há muito mais a fazer. Treinar pouco e garantir que as pernas chegam ao grande dia frescas e sem mazelas. Dormir bem. Comer bem mas não demasiado. E terminar toda a preparação mental para me sentir o todo-poderoso super-Buli às 9h10 do próximo domingo.

Ah, claro: também é boa ideia evitar acidentes domésticos - consta que há por aí quem se lembre de partir dedos mindinhos em vésperas de maratonas!

Já começo a ouvir os gritos constantes do público durante toda a prova:

GANBAAAATTEEEEEEEEEEE!!!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sou euroasiático

Em Singapura aparecem-me frequentemente formulários (tipicamente relacionados com serviços públicos) onde perguntam a minha "Race".

Adoraria responder "marathon", "pentathlon", "triathlon" ou algo do estilo, mas sei que não é essa a "race" desejada. Eles querem saber a minha "raça".

Se bem me recordo, a última vez que ouvi falar de raças humanas foi alguém a dizer que elas não existem. Não sei se a afirmação é cientificamente sólida, mas gosto das implicações ideológicas e humanitárias e por isso adoptei-a logo (a wikipedia não me ajuda a esclarecer a questão). Por isso costumo deixar o espaço da "raça" em branco.

Em Outubro candidatei-me a ser "Permanent Resident" aqui em Singapura, e lá estava a pergunta habitual no respectivo formulário. Claro que a deixei em branco, apesar de ser tentador escrever ali alguma coisa que pudesse soar positiva a quem fosse avaliar a minha candidatura (partindo do pressuposto, provavelmente não disparatado, de que há algum tipo de discriminação na avaliação dos hiper-eficientes serviços públicos singapurenses).

Mas a entrega da candidatura é feita presencialmente e tive direito a um funcionário das autoridades competentes durante talvez meia hora a analisar os múltiplos formulários e documentos.

Entre outras coisas, ele perguntou:

Qual é a sua raça?

Da última vez que ouvi falar, não existiam raças humanas...

[Felizmente ou infelizmente, o senhor era bastante humilde e não me pôs logo "na ordem"]
Mas... em Portugal não existem raças?

Que eu saiba não. Que eu saiba não existem raças humanas em lado nenhum.

Talvez... "raça portuguesa"?

"Portuguesa" não é uma raça, é uma nacionalidade. Há portugueses de todas as cores, tamanhos e feitios.

Mas... você tem de pôr aqui alguma coisa...

[Finalmente com algum senso prático]
Então diga-me o que quer que eu escreva aí.

Perguntarei ao meu supervisor qual é a raça no seu caso.


Pouco depois ele foi falar com o supervisor sobre este e outros detalhes e voltou uns minutos depois com a resposta:

O supervisor diz que pode escrever "euroasiático".

Ok!


E assim fiquei a saber que sou euroasiático. Nunca é tarde de mais para aprendermos mais sobre nós próprios.

E até fiquei feliz com a resposta: dentro das que eu poderia imaginar, é a mais próxima de não ter raça nenhuma. Afinal, o continente euro-asiático corresponde a mais de 1/3 da área não submersa do planeta, e a quase 3/4 da população humana (considerando que não haja humanos extra-terrestres).

Além disso, já fui tomado por local em países como Azerbaijão, Afeganistão, Índia... portanto deve haver algo de verdadeiro na "etiqueta" de euroasiático.




Então não é que, depois de todo este trabalho, me foi recusada a residência permanente? Recebi uma carta com o resultado da avaliação do meu pedido. Curta e sem explicações, como é de esperar das autoridades singapurenses. Simpaticamente, deixam-me continuar a viver aqui.



Será que o diálogo acima teve alguma coisa a ver com a recusa? Acho que não. Ao bom estilo singapurense, onde o que importa é crescimento económico, o meu ponto mais negativo é provavelmente que ainda não lucrei milhões com a empresa que abri aqui. Se esse dia chegar em algum momento... fico a pensar, um pouco a la Grouxo Marx*, se quererei ser residente permanente num país que (só) aceita pesssoas como eu como residentes permanentes?


*"I don't want to belong to any club that will accept people like me as a member" (daqui)

Nota: Ser "residente permanente" não é algo fundamental para mim. A principal motivação é reduzir burocracia: durante 5 anos não precisaria renovar o meu visto de residência (que me obriga a anualmente submeter uma série de documentos, e pode sempre ser recusado porque não estou a fazer milhões - ou seja, não estou a contribuir significativamente para a economia ou para a receita fiscal de Singapura). Além disso devem existir algumas outras implicações práticas, como poder fundar uma empresa ou outra organização sem necessidade de ser em parceria com um singapurense ou residente permanente, poder ser membro de uma associação, poder comprar casa... Nada de especial.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Persepolis

O meu plano ontem à noite era ir dormir cedo e acordar bem cedo para o treino de corrida. Mas alguém tinha feito outros planos.

Na véspera, investigando informação para escrever uma bulicena, passou-me à frente o teaser de Persepolis - um filme de animação sobre a infância e juventude de uma iraniana em tempos de revolução.



Decididamente um filme a ver numa próxima oportunidade, em algum dos frequentes festivais de filmes mais ou menos alternativos aqui em Singapura.

O que não esperava era logo ontem encontrar o livro The Complete Persepolis (no qual o filme se baseou) ali mesmo, em cima da mesa no escritório do meu sócio.



Coincidência?? Talvez não. O livro já estava ali há uns dias e certamente eu já o tinha visto mas não tinha reparado. Até à véspera tinha sido um livro qualquer. Mas agora já não era um livro qualquer: estava ali a gritar "Lê-me!". Trouxe-o para casa, é claro.

Pelas 21h30 sentei-me na cama a ler. Ia ler umas páginas e deitar-me pelas 22h... Mas fui lendo e lendo e lendo... e a certa altura a ideia era ler metade do livro e deitar-me pouco depois das 23h... Mas fui lendo e lendo e lendo... e a certa altura o plano era deitar-me pela meia-noite e deixar o resto do livro para o dia seguinte... Comecei a sentir fome... e fui comer qualquer coisa, já consciente de que ia acabar o livro de uma assentada às horas que fosse. Pela 1 da manhã fechei o livro.

Algo de especial tinha acontecido. Há quantos anos eu não lia um livro de uma vez só? E há quanto tempo não lia um livro de banda desenhada?

Persepolis relata a vida da autora, Marjane Satrapi, entre os 10 e os 24 anos (de 1979 até 1993). Até aos 14 anos viveu em Teerão. Nessa altura os pais mandaram-na para Viena (Áustria) onde achavam que ela teria uma melhor educação, mais livre... e não se meteria em trabalhos. Os 4 anos na Áustria foram bastante agitados, lidando com desafios como choques culturais, transformações da adolescência, pressões sociais (diferentes das iranianas)... e sem manter grande ligação ao que se passava no Irão (na minha visão de puto de 10 anos, no Irão "só" se passava a aparentemente interminável guerra Irão-Iraque, que para mim tinha existido desde "sempre"). Depois de um período mais complicado em Viena, Marjane regressou a Teerão aos 18 anos. Sentia-se estrangeira ali, tal como se tinha sentido estrangeira em Viena. Depois de uma depressão com o choque inicial do regresso e dúvidas existenciais, decidiu voltar a viver. Facilmente se metia em sarilhos relacionados com o seu comportamento "indecente" e a sua frontalidade a criticar o que lhe parecia inapropriado. Estudou comunicação visual, casou-se aos 21, divorciou-se aos 24. O livro acaba com a sua emigração para França (para não voltar, segundo promessa à mãe).

O livro transmite emoções, não só em situações extremas de guerra e repressão, mas também na vida "normal" de uma criança e adolescente com os seus familiares e amigos. Mostra a visão crítica de Marjane sobre a revolução islâmica de 1979 no Irão e as mudanças no país nos anos que se seguiram. Certamente uma das visões possíveis.

Marjane não se tenta promover como a rebelde coerente sempre fiel aos seus princípios. De forma muito honesta, mostra sem pudor virtudes e fraquezas. Excepto em um par de situações em que expressa arrependimento, Marjane não se dedica a julgar os seus comportamentos como bons ou maus. Mas não se inibe de criticar o regime e as suas práticas opressivas e sexistas.

Não entendo de arte gráfica e banda desenhada mas Persepolis pareceu-me excelente pela expressividade conseguida através de desenhos minimalistas, eliminando detalhes supérfluos para focar a atenção no essencial. Puro preto-e-branco, com poucos traços. Detalhes escassos, mensagens potentes. Vejam uma parte do livro aqui.

Não é surpreendente que os livros e o filme tenham tido bastante sucesso no mundo "ocidental": não é uma visão propriamente abonatória do regime islâmico. Mas não me parece que alimente a fogueira do suposto conflito Ocidente-Islão (essa invenção bushiana de inspiração huntingtoniana que infelizmente tem muitos crentes pelo mundo fora). Persepolis não promove generalizações superficiais sobre "bons" e "maus". O mundo de Hollywood e o mundo da propaganda é assim: branco ou preto. O mundo real é complexo, colorido (e, paradoxalmente, Persepolis é a preto-e-branco mas é bastante colorido!), cheio de diversidade mas também de muitas semelhanças. Afinal de contas, nós, humanos, somos todos... humanos. Em todo o lado há pessoas abertas, inteligentes, conscientes dos outros... e há uma ou outra mais cega e/ou mais estúpida.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Déjà Lu: boas leituras, boas causas



No Déjà Lu encontram leilões de livros já lidos cujas receitas revertem integralmente para as excelentes causas da APPT21 (Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21) e do Centro de Desenvolvimento Infantil DIFERENÇAS.

Eu sei que muitos leitores das bulicenas gostam de ler! E alguns podem encontrar no leilão não só livros interessantes como preços convidativos. E se acabar por sair mais caro do que o esperado, há sempre o consolo de estar a contribuir para causas fantásticas que provavelmente até mereciam o donativo sem receber o livro em troca!

Vão lá pelo menos dar uma olhada.


Nota: Eu não fui ameaçado para escrever esta bulicena. Ameaçaram ameaçar-me com a falta de peru assado no próximo Natal, mas como semi-vegetariano sou obviamente indiferente a tal privação... ou até fico feliz pelo peru que será salvo? :) De qualquer modo, as causas valem mesmo a pena. E também gosto da ideia ecológica de reaproveitar livros e reduzir a acumulação de desperdício no mundo.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Buli no médico II: a vingança

Por que raios iria eu ao médico?? Eu sei que vou perder a pouca credibilidade que não sei se me resta, mas confesso que fui ao médico... porque me sentia tão horrivelmente mal, tão imprestável, com febre alta, dores musculares, dores de cabeça... que achei que o médico me poderia ajudar.


Ironias

O mais irónico é que me comecei a sentir esquisito no domingo, umas 3 horas depois de escrever a bulicena Buli no médico! Coincidência!?!

Depois de escrever a bulicena fui correr 2 horas. O treino incluía intervalos a ritmo mais rápido e outros a ritmo normal. Perto do final do treino passei perto de uma pista de tartan e decidi ir medir a velocidade a que estava a correr nos intervalos rápidos. Quase não acreditei quando percebi que o ritmo rápido era o meu ritmo normal (4'30"/km)! E estava a custar-me bastante! Fiquei a pensar que ainda tinha muito a evoluir no mês que falta para conseguir correr a maratona de Tóquio em menos de 2h50min...

Já em casa, ao tomar o habitual duche frio (em Singapura não se pode dizer que seja realmente frio), senti uns arrepios... Ooops! Algo não estava bem.


Imprestável

Passei o resto do dia em casa, a sentir alguma febre, mas sem me sentir muito mal. Tomei um chá de paracetamol (de milagrosos efeitos nas poucas vezes anteriores em que a ele recorri), a ver se resolvia logo o assunto. Durante a noite a febre aumentou para mais de 39º e dormi pessimamente, com a cabeça cheia de ruído, pensamentos em parafuso. Às 4 da manhã a Sílvia começou a insistir que devíamos ir a um médico, que febres tão altas eram muito perigosas (de acordo com o Dr. Google). Negociei tomar mais um chá milagroso e a Sílvia fez umas compressas frias para pôr na cabeça, e de manhã até acordei um pouco melhor.

Mas a meio da tarde estava totalmente imprestável. Na hierarquia de necessidades de Maslow eu estava claramente no fundo do fundo da pirâmide, nos subterrâneos, talvez no piso -5. Ainda fui ao Dr. Google ver coisas do tipo "como baixar a febre sem medicamentos" e sintomas de febre de dengue (recordando que uma amiga minha teve dengue aqui há pouco tempo - mas pelo menos não parecia ser dengue). Decidi aplicar gelo na testa para baixar a temperatura e senti-me um pouco menos pessimamente horrível.


No médico

Pareceu-me que talvez não fosse má ideia dar o braço a torcer e ir procurar um médico. Muuuuitooo leeeentaaaameeeennnttteeee arrastei-me até ao posto médico mais próximo. Estava fechado. Mas vi que a uns 100 metros havia outro e fui até lá. Pareceu-me que já estava fora do horário de funcionamento, mas parecia aberto. Tentando fazer uma cara normal (e não desgraçada) perguntei se havia algum médico que me pudesse ver. Havia!

Menos de 10 minutos depois a minha salvadora* estava a analisar o meu estado. Foi a consulta mais estruturada (digna de um consultor da McKinsey ou da Bain) a que me lembro de ter ido (e isso é algo muito positivo do meu ponto de vista). Mais importante do que estruturada: foi a consulta mais explicada a que me lembro de ter ido. É verdade que a minha memória é fraca e que não vou frequentemente ao médico, mas a minha ideia é que poucos médicos, infelizmente, têm o costume de explicar aos clientes (ou doentes ou pacientes, como lhes quiserem chamar) o que estão a fazer. Isso é bastante irritante e provavelmente incoerente com o código deontológico dos médicos. Será que os cursos de medicina, em tantos anos de estudos, não têm nenhuma cadeira que aborde temas como como tratar os clientes, ou o significado de consentimento informado? (Isto diz-se em português, ou é brasileiro? "Informed consent" em inglês...)

Depois de algumas perguntas** sobre como me sentia, o que me doía, etc., a médica fez questão de enumerar de 1 a 5 e explicar o que me ia fazer. Se bem recordo: medir a temperatura, medir a tensão arterial, auscultar, tirar uma amostra mucosa para enviar para análise num hospital, receitar alguns medicamentos.

Receitou-me três cenas e explicou para que serviam:
1. Paracetamol - famosa substância para reduzir febre e dores, a tomar 3 vezes por dia.
2. Diclofenac - um anti-inflamatório não-esteróide, para reduzir dores musculares e de cabeça, a tomar 3 vezes por dia.
3. Paracetamol + Codeína - a tomar antes de dormir, para ajudar a dormir melhor. Ela comentou que este me faria sentir sonolento e que não era boa ideia tomar se tivesse que participar em conferências telefónicas a meio da noite (?? ela deve ter muitos pacientes consultores!).

No estado em que estava não me ocorreu fazer mais perguntas além de "Onde arranjo estas coisas? Vai passar-me uma receita?" A resposta foi logo: "Não te preocupes, em Singapura é tudo muito fácil. Espera ali fora e levas já tudo daqui."

E despediu-se prometendo ligar-me a dar os resultados da análise às minhas mucosidades.

No total devo ter demorado meia hora entre chegar ao posto médico e sair com os medicamentos. Consulta e medicamentos por menos de 27 Euros. (Continuo sem perceber por que é que um tipo saudável há-de ter um seguro de saúde - em vez de se auto-segurar - mas isso é tema para outra bulicena.)

Achei óptimo não ter de comprar uma caixa inteira de cada medicamento (como penso que acontece sempre em Portugal, por exemplo). Em vez disso, venderam-me 10 comprimidos de paracetamol e de diclofenac, e 5 de paracetamol+codeína.


Auto-não-medicação

Tomei o paracetamol e o diclofenac confome prescrito nessa tarde e à noite. Mas fiquei a olhar para o nome suspeito dessa tal codeína... O nome faz lembrar demasiado cocaína, heroína e outras porcarínas! Fui perguntar ao Dr. Google e não me pareceu que devesse tomar o terceiro comprimido, por pouca codeína (9mg) que contivesse.

No dia seguinte acordei a sentir-me muito melhor! Decidi matar também o diclofenac - se estou doente, é bom sentir umas dores que me recordem que estou doente! A febre oscilou entre os 37º e os 38º durante o dia, mas ao menos o cérebro estava de novo operacional! A segunda-feira tinha sido tão má, entre o meu estado imprestável e muitas horas a dormir, que passei o dia a pensar que o dia anterior não tinha existido e ainda era segunda-feira.


H1N1!

Hoje de manhã acordei em muito bom estado, mas o termómetro marcava perto dos 38º, portanto ainda não limpo de febre. A médica ligou-me cedo a dar o resultado da análise: tenho H1N1!!! Não é espectacular?? Como me disse uma prima minha: "que moderno!" Se um tipo apanha uma gripe, ao menos que seja uma gripe famosa, não é?



É totalmente irracional, mas o facto de saber que existe em mim um vírus com determinado nome parece que me deu mais forças para lutar contra ele. Como se fosse relevante saber o nome do inimigo.

Fui ver a médica para ela me dizer o que tenho de fazer agora e gostei muito das recomendações: visto que parece ser uma versão suave do vírus, não vou tomar nenhum antiviral, e não preciso tomar os medicamentos que ela me receitou na segunda-feira se me estiver a sentir bem. Ela recomendou que evitasse interagir com outras pessoas para evitar contágio e que estivesse mais sossegado até domingo, incluindo não correr.

Entretanto, a Sílvia acha que eu não tenho H1N1. Que é simplesmente o habitual exagero singapurense de catalogar as coisas de forma escandalosa, para que as pessoas se preocupem mais e as doenças não alastrem. Claro que só posso discordar: não tem piada nenhuma acreditar que é só uma gripe banal!


E a maratona?

A implicação prática mais chata nesta história é que estou a fazer um descanso forçado a pouco mais de 1 mês da maratona de Tóquio. Esta semana já estava programada para ser um pouco mais leve, mas não tão leve assim... Sem stress: espero retomar os treinos na segunda-feira e que a gripe não deixe estragos no corpo.


Obrigado, médicos!

É justo terminar com um agradecimento aos médicos por existirem para quando é preciso! Por muitas críticas que eu lhes faça, concordo que o mundo parece ser bem melhor com médicos do que sem eles. Obrigado!


*Essa era certamente a minha perspectiva naquele momento. Em retrospectiva, ela não fez nada do outro mundo: receitou-me mais paracetamol (que era o que eu já estava a tomar, em quantidades semelhantes), um anti-inflamatório (que provavelmente acelerou o alívio de dores) que pouco tomei, e uma droga que decidi passar (não da mesma forma que um passador de droga!). A consequência prática mais relevante foi eu estar com certeza a descansar mais do que descansaria baseado na minha percepção do meu estado. E às vezes a confirmação de que estamos no bom caminho é muito bem-vinda.

**Ela também fez perguntas estranhas como quantas assoalhadas tem o meu apartamento, quanto pago de renda mensal e se moro sozinho... Não é a primeira vez que alguém que acabo de conhecer me pergunta estas coisas em Singapura... mas não deixa de ser estranho.